Carla Veríssimo cria site para se dar a conhecer e ao seu trabalho.

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23/01/07

Edite Estrela revela documento
Referendo: Parlamento dinamarquês apela ao voto "sim" em Portugal
23.01.2007 - 09h02 Lusa

A eurodeputada socialista Edite Estrela divulgou ontem à noite, durante um debate realizado em Castelo Branco pela despenalização da Interrupção Voluntária de Gravidez (IVG), um apelo ao voto "Sim" em Portugal oriundo do parlamento dinamarquês.

Segundo a eurodeputada do PS o aborto "diminuiu na Dinamarca" desde que aquele país despenalizou a IVG, até às 12 semanas, em 1973.

Classifica o tema do aborto como "um assunto ético e sério" mas lembra que 95 por cento dos dinamarqueses "acham que a mulher deve ter o direito de escolher uma interrupção voluntária da gravidez segura e legal".

No discurso que proferiu, Edite Estrela apresentou ainda números de um estudo norte-americano, que apontam para um custo "quatro vezes superior" do aborto clandestino quando comparado com os custos da IVG até às 10 semanas.

"Até às 10 semanas [a IVG] é feita por processos químicos. Não tem os custos que as pessoas pensam", disse.

"O que não significa que silenciemos as distorções, as falácias e as mentiras", avisou. Defendendo o envolvimento de todos os cidadãos na consulta popular e o combate à abstenção, alertou que está em causa "o próprio instrumento do referendo".

"Se [o referendo] continuar em Portugal a não ter a adesão do povo, a democracia participativa está em causa", disse.

13/01/07

Dia 11 de Fevereiro: Vote SIM!

Sinto que tenho fazer algo.

Estamos a menos de um mês do REFERENDO!

Sinto que também eu tenho de entrar em acção, para fazer com que não haja abstenção. E claro, para fazer com que percebam a minha opinião e o meu apelo ao SIM.

SIM, por uma decisão pessoal e intransmissível;

SIM, porque o ABORTO, já é uma realidade no nosso país, mas infelizmente sem as melhores condições para tal;

SIM, por essas condições;

SIM, porque o dinheiro dos contribuintes não será só para isto, como se após a DESPENALIZAÇÃO não se gastasse dinheiro em mais nada!;

SIM, com a consciência de que esta não é a única solução. É claro que há outras medidas a tomar, como INFORMAÇÃO, PLANEAMENTO FAMILIAR, diminuição do custo dos preservativos e dos anti-conceptivos ou mesmo acesso gratuito!

SIM, porque mesmo com preservativos e pílulas, a eficácia não é de 100%!

SIM, porque a mãe deve ter direito a desejar um filho. Não a criá-lo sem condições psicológicas, sociais, financeiras, etc, etc, etc,...

SIM, porque a lei não vai obrigar quem não concorda com a DESPENALIZAÇÃO a fazer um ABORTO, mas obriga as que CONCORDAM a não o fazer!

SIM, por este tipo de LIBERDADE! De DEMOCRACIA!

07/01/07

Arte poética, in A criança em ruínas - José Luís Peixoto.

o poema não tem mais que o som do teu sentido,
a letra p não é a primeira letra da palavra poema,
o poema é esculpido de sentidos e essa é a sua forma,
poema não se lê poema, lê-se pão ou flor, lê-se erva
fresca e os teus lábios, lê-se sorriso estendido em mil
árvores ou céu de punhais, ameaça, lê-se medo e procura
de cegos, lê-se mão de criança ou tu, mãe, que dormes
e me fizeste nascer de ti para ser palavras que não
se escrevem, lê-se país e mar e céu esquecido e
memória, lê-se silêncio, sim, tantas vezes, poema lê-se silêncio,
lugar que não se diz e que significa, silêncio do teu
olhar de doce menina, silêncio ao domingo entre conversas,
silêncio depois de um beijo ou de uma flor desmedida, silêncio
de ti, pai, que morreste em tudo para só existires nesse poema
calado, quem o pode negar?, que escreves sempre e sempre, em
segredo, dentro de mim e dentro de todos os que te sofrem.
o poema não é esta caneta de tinta preta, não é esta voz,
a letra p não é a primeira letra da palavra poema,
o poema é quando eu podia dormir até tarde nas férias
do verão e o sol entrava pela janela, o poema é onde eu
fui feliz e onde eu morri tanto, o poema é quando eu não
conhecia a palavra poema, quando eu não conhecia a
letra p e comia torradas feitas ao lume da cozinha do
quintal, o poema é aqui, quando levanto o olhar do papel
e deixo as minhas mãos tocarem-te, quando sei, sem rimas
e sem metáforas, que te amo, o poema será quando as crianças
e os pássaros se rebelarem e, até lá, irá sendo sempre e tudo.
o poema sabe, o poema conhece-se e, a si próprio, nunca se chama
poema, a si próprio, nunca se escreve com p, o poema dentro de
si é perfume e é fumo, é um menino que corre num pomar para
abraçar o pai, é a exaustão e a liberdade sentida, é tudo
o que quero aprender se o que quero aprender é tudo,
é o teu olhar e o que imagino dele, é solidão e arrependimento,
não são bibliotecas a arder de versos contados porque isso são
bibliotecas a arder de versos contados e não é o poema, não é a
raiz de uma palavra que julgamos conhecer porque só nós podemos
conhecer o que possuímos e não possuímos nada, não é um
torrão de terra a cantar hinos e a estender muralhas entre
os versos e o mundo, o poema não é a palavra poema
porque a palavra poema é uma palavra, o poema é a
carne salgada por dentro, é um olhar perdido na noite sobre
os telhados na hora em que todos dormem, é a última
lembrança de um afogado, é um pesadelo, uma angústia, esperança.
o poema não tem estrofes, tem corpo, o poema não tem versos,
tem sangue, o poema não se escreve com letras, escreve-se
com grãos de areia e beijos, pétalas e momentos, gritos e
incertezas, a letra p não é a primeira letra da palavra poema,
a palavra poema existe para não ser escrita como eu existo
para não ser escrito, para não ser entendido, nem sequer por
mim próprio, ainda que o meu sentido esteja em todos os lugares
onde sou, o poema sou eu, as minhas mãos nos teus cabelos,
o poema é o meu rosto, que não vejo, e que existe porque me
olhas, o poema é o teu rosto eu, eu não sei escrever a
palavra poema eu, eu só sei escrever o seu sentido.

19/12/06

Vão para lá de parte nenhuma, dando o vindo por não ido, à espera do adiante.
(...)
É Muidinga que chora. O velho se levanta e zanga:
- Pára de chorar!
- É que me dói uma tristeza...
(...)
A guerra é uma cobra que usa os nossos próprios dentes para nos morder.
(...)
... eu e o meu passado dormimos em tempos alternados, um apeado enquanto o outro segue viagem.
(...)
Afinal, nasci num tempo em que o tempo não acontece!
(...)
Quem constrói a casa não é quem a ergueu mas quem nela mora.
(...)
... comidas (...) dos olhos salivarem na língua.
(...)
... ele que me levasse fora, ou aquilo ficaria matéria não de papo mas de sopapo.
(...)
Ter pátria é (...) saber que vale a pena chorar.
(...)
- Não gosto de pretos (...)
- Dos brancos?
- Também não (...)
- Eu gosto de homens que não tem raça.
(...)

in Terra Sonâmbula,
Mia Couto

02/12/06

291106

Tenho saudades de quando ia para Vairão, logo de manhã cedo, com a Raquel.
Criamos certas rotinas, e de repente elas acabam.
Levantava-me cedo. Saía de casa e andava uns 15 minutos a pé, até chegar a casa dela.
Era assim todas as manhãs.
Ainda me lembro da primeira manhã. Da primeira vez que a vi. Ou melhor, não era a primeira vez. Mas isso só vim a descobrir muito mais tarde.

Ao telefone tratei-a na terceira pessoa, porque achei que era uma “senhora”, alguém mais velho que eu.
Depois descobri nela uma menina! Não por ser, afinal, da minha idade, mas porque a acho mesmo menina. Angélica. E ao mesmo tempo rebelde!
E aí, tratei-a sempre por tu, obviamente.
Ela tratava-me por chavala!
Essa menina fazia-me rir, ouvia músicas super alternativas. Eu pelo menos não as ouvia em mais lado algum que não dentro do Lupo azul em que ela se sentava ao volante.
Aos poucos fui-me partilhando com ela.
Foi durante muito tempo a única junto de quem me sentia 100% à vontade. 100% eu.

- Chavala, queres uma pêra. Foi o Joaquim que trouxe da aldeia.

Sentia que com todos os outros havia sempre uma espécie de barreira.
Aos poucos essa barreira também se foi desvanecendo e consegui partilhar-me com todos aqueles outros. Fui-os descobrindo, conhecendo.

Tenho saudades daqueles 6 meses. Daquele dia-a-dia. Daquelas certas rotinas.
Havia a grávida, como eu lhe chamava. Não por força de expressão, mas por expressão da força que aquele bebé lhe impunha.
Achava muita piada à grávida. Sempre muito carinhosa, sempre sorridente.
Gostava de me meter com ela. Uma vez no campo, passou o dia a comer e a sentar-se para descansar. Eu só me ria. Era mesmo estado de grávida!
(Cê Soares, agora tens aí um Miguelito lindo!)

- Chavala, amanhã às 9 em minha casa.

Havia um Pedro. Havia muitos Pedros.
Um dos que costumava almoçar connosco (o Tarroso. Tínhamos de tratá-los pelos apelidos, senão nunca se sabia de qual falávamos) que dizia sempre algo que nos fazia rir a todos.
Um outro (o Moreira) também era super engraçado. Esse já o conhecia da Faculdade e já sabia que era assim. A risota pegada! O descalabro! Um dia começou a gozar comigo e com a Raquel por sermos do sul e chamarmos coito àquele sítio onde não nos podiam apanhar quando jogávamos à apanhada. No norte, chamavam casa ao coito, e caçadinhas à apanhada!
Em 27 anos de vida foi preciso vir esse Pedro para eu pensar no sentido de chamar coito àquele sítio. Ele dizia fazer mais sentido casa. Eu, continuo a preferir o coito!!

Havia ainda um outro Pedro (havia mais, mas estes três foram os de quem me aproximei mais) – o Ribeiro. No início entrava no laboratório e não me dizia nada. Nem bom-dia, nem boa-tarde. Nada. E eu que sou tão exigente com essa coisa a que chamam “uma questão de educação”.
Ficava possessa.
Chegava a comentar com a Diana (uma amiga). Ela dizia “Esse Mancha Branca é um antipático!”
Eu concordava.
Um dia, comecei a fazer-lhe muitas perguntas (faço sempre muitas perguntas). E foram exactamente para perceber quem eram todos os Pedros lá de Vairão.
Atrás das perguntas dos Pedros vieram muitas mais, e a partir daí acho que ele sentiu não ter hipótese. A partir daí começou a entrar no laboratório e a dizer-me bom-dia, boa-tarde, e até a meter-se comigo.
Com o tempo, passei a considerá-lo simpático!
A Diana continuava incrédula!
Mas eu dizia-lhe: - É verdade. Ele afinal é simpático. Estou-me sempre a rir com ele.
Nunca pensei vir a rir com ele, nas primeiras vezes. As pessoas revelam-se. Temos é de dar-lhes o espaço que necessitam.
É isto a partilha.
Provavelmente todos eles também tiveram impressões a meu respeito que depois mudaram. Tanto do mau para o bom, como do bom para o mau. É mesmo assim. Lugares-comuns.

- O Joaquim está em Lisboa este fim-de-semana.

Havia as Joanas – umas queridas. Ponto. Uma com medo de grilos, imagine-se. Outra com duas gémeas. Não sei o que é melhor!
Havia a Sílvia, com quem também foi gradual a aproximação, e o Congresso de Herpetologia, ajudou. Alguém (já não me lembro se ela) começou a dizer que éramos as “Migueletes” e ela a “Britete”! (devido aos nomes dos nossos orientadores). Foi de rir.
Numa das fotos que tiraram às “Migueletes” ela está em segundo plano, mas está lá! Tinha que estar.

Havia a Catá, como lhe chamava. Era a "Harriete", como se auto-chamava!
Passava o tempo a rir. Parecia que tinha feito uma diabrura qualquer. E eu não podia olhar para ela, que só me dava para rir também.
Assim como a "Britete", também ficou em segundo plano numa das fotos. Em segundo plano, mas lá! Com o seu riso!
Havia a Antigoni, o Miguel (obviamente o Miguel), a Xavier, o Zé Carlos Brito (obviamente o Brito), a Xaninha, o Harris (obviamente o Harris) e tantos, tantos outros.
Estes tantos outros com quem tinha havido uma espécie de barreira. Essa barreira que se foi desvanecendo. Esses tantos com quem me consegui partilhar, que fui descobrindo e conhecendo.

Depois de muita partilha, de muito ouvir falar do Joaquim, um dia fui a casa da Raquel e lá estava ele. O Joaquim. Reconheci-o automaticamente. Lembrava-me dele da Faculdade. Chegou a sentar-se ao meu lado nas aulas de Cristalografia.
Lembrei-me logo dele a sair da Faculdade, junto de uma menina angélica.
Olhei para a Raquel. Ri-me. Afinal eu já a tinha visto antes daquela “primeira vez” no Lupo azul.
A partir desse dia, havia duas Raquéis na minha cabeça. A do Joaquim e a minha. Tentava conjugar as duas, mas nem sempre conseguia. E quando conseguia era estranho.
Hoje olho uma foto do meu primeiro congresso de Herpetologia, e lá está a Raquel, a olhar para mim. A rir. No seu sorriso carinhoso. No seu sorriso de menina.
É essa a minha Raquel.

29/11/06

Se tivesse de escrever um texto para o Hélder o que sairia da tinta desta caneta? Ou de dentro de mim?
Um desconhecido que me faz rir, mas com quem não troco sorrisos; de quem não vejo 2 OLHOS POR DETRÁS DE 1 BIOMBO. De quem me chegam apenas fotografias. Poucas. As que ele se propõe a partilhar comigo. As que me PERMITE ver. Ainda não sei se por razões profissionais ou pessoais. Ou ambas. Ou nenhuma. Não tem de haver uma razão para tudo, pois não?
Dessas fotografias que caem no meu painel de fotos. Desse amigo do amigo de uma amiga. Esse amigo de uma amiga que faz questão que eu conheça: o Hélder.
- O Hélder também gostou deste bar. O Hélder também isto, o Hélder também aquilo.
- Tenho que te apresentar o Hélder.
E eu, não vejo razão para recusar.
Espero fazer um novo amigo.
Há muito tempo que não faço um amigo. Um amigo desses a sério.
Com quem se pode falar abertamente de tudo. Do intimo e do supérfluo.
Uma vez escrevi algo deste género para e sobre o Sérgio Marto. Ele foi e é um desses amigos a sério.
Tenho saudades dessa amizade.
Às vezes temos saudades dos nossos amigos. Mesmo quando eles estão sempre presentes.

Se tivesse de escrever um texto para o Hélder... sairia desta caneta que me apetece apenas ser sua amiga. Apenas não, porque quando se é amigo é-se muito. Não se é apenas.

17/11/06

está a ser escrito mais um texto no .evirgula e o Ricardo Lima será notificado assim que carla veríssimo clicar no ícon ali em baixo a laranja que diz Publish Post.
a ti, Lima, que já tens aquela carga do passado que tão bem escrveeste no papel do chocolate Lindt, na altura recém-chegado da Suiça!!
a ti, dizer apenas: Obrigada por existires! Está a ser bom re-conhecer-te!!
Apesar do popularismo (alguns amigos teus chamar-lhe-iam ser elitista :P); e de estares rodeado de gaijas (já disse à Ritinha para ter cuidado!!), és um bom menino e estás sempre pronto a ajudar os amigos! Isto parece um verso da Tele-Escola (sim, porque eu andei na Tele-Escola, e os meninos fizeram versos uns aos outros, não foi Sérgio Marto?!)
Como ia a dizer, isto parece coisa infantil, mas são coisas simples, como as da infância as que sinto quando estou contigo. é isso que nos transmites (ou pelo menos a mim). é aquela paz, a inocência, ...
como se te conhecesse desde sempre...

14/11/06

Há uns largos meses escrevi um texto que dizia:

Há olhares que nos marcam mais que certas palavras. Como os de 2 desconhecidos que se cruzam num autocarro.
Olhares que têm o mesmo destino e vêm de diferentes origens.
Olhares que não se olharão mais.
Talvez.
Olhares que se falam em pensamento. Que nos levam o lápis deambular na brancura de uma página.
Tenho vontade de sair do meu lugar e sentar-me ao lado daquele olhar.


A semana passada, num outro desses tantos lugares comuns, 2 desconhecidos voltam a cruzar os seus olhares. E aí escrevi:

A 2 OLHOS POR DETRÁS DE 1 BIOMBO

Entrei. Perguntei: - É por senhas?
Respondeu-me: - Como?
Refiz a pergunta: - É preciso tirar ticket?
Disse-me: - Não. É por ordem de chegada.
Perguntei: - A que horas é que isto fecha?
- Às 17.
Esperei um minuto. Nem isso, talvez.
Olhei para o relógio. Pensei: Ainda tenho tempo de ir tratar do outro cartão primeiro.
Saí.
Voltei a entrar faltavam uns 10 minutos para as 17.
Vinha apressada, a arfar. À minha frente lá continuava ele. Sorrimo-nos mutuamente.
Pensei: Este sorriso quer dizer: - Ainda conseguiu chegar a tempo!
Achei-o bonito. Os olhos, o sorriso… tudo.
Aguardei a minha vez. Pensei: Gostava de ser atendida por ele…
Entretanto, um colega fez-me sinal e chamou-me. Como o assunto não ficou esclarecido, pediu-me para aguardar até que uma outra pessoa fosse falar comigo.
Sentei-me. E cruzei o olhar com o “sorriso rasgado” (quando não sabemos o nome dos desconhecidos só podemos falamos do que nos marca). Senti cumplicidade…
Ele levantou-se. Foi a outra sala. Quando voltou, fitou-me de novo os 2 olhos, num sorriso rasgado. Retribuí.
Senti que aqueles olhos me despiam. Ali! Em frente a toda a gente.
Uma mulher chamou-me nesse instante para uma sala.
Voltei a vê-lo passar. Vi 2 olhos por detrás de 1 biombo a olhar novamente para mim. A sorrirem-me…
Souberam-me bem aqueles sorrisos.


Volto a escrever:


Há olhares que nos marcam mais que certas palavras. Como as de 2 desconhecidos que se cruzam…
Olhares que vêm de diferentes origens.
Olhares que não se olharão mais.
Talvez.
Olhares que se falam em pensamento. Que nos levam o lápis deambular na brancura de uma página.

Tive vontade de ficar lá…

09/11/06

Seria bom que todas as orientações fossem vistas com a mesma naturalidade e isso tem que começar nas pessoas com os tais “comportamentos desviantes”. Chega de auto-discriminação.
Os denominados heterossexuais também não vão desfilar para a avenida demonstrando qualquer tipo de orgulho. Isso constrói-se no dia-a-dia através de uma abordagem natural do tema. Sou contra a hipocrisia em torno do assunto.
Não precisam levantar bandeiras nem tão-pouco tapar a cara com elas.
Paula Garcia, Lisboa

30/10/06

America - Razorlight

What a drag it is
The shape i'm in
Well I go out somewhere
Then I come home again
I light a cigarette
'Cause I can't get no sleep
Theres nothing on the TV nothing on the radio
That means that much to me
All my life
Watching America
All my life
There's panic in America
Oh Oh Oh, Oh
There's trouble in America
Oh Oh Oh, Oh
Yesterday was easy
Happiness came and went
I got the movie script
But I don't know what it meant
I light a cigarette
'Cause I can't get no sleep
Theres nothing on the TV nothing on the radio
That means that much to me
Theres nothing on the TV nothing on the radio
That I can believe in
All my life
Watching America
All my life
There's panic in America
Oh Oh Oh, Oh
There's trouble in America
Oh Oh Oh, Oh
There's panic in America
Oh Oh Oh, Oh
Yesterday was easy
Yes I got the news
When you get it straight, but stand up you just can't lose
Give you my confidence, all my faith in life
Dont stand me up
Don't let me down
I need you tonight
To hold me, say you'll be here
To hold me, say you'll be here
To hold me, say you'll be here
To hold..
All my life
Watching America
All my life
There's panic in America
Oh Oh Oh, Oh
She's just in America
Oh Oh Oh, Oh
Tell me how does it feel
Tell me how does it feel
Tell me how does it feel
Tell me how does it feel

29/10/06

Ao Miguel Brito

01.04.2002
Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ?

Isto não são várias formas de escrever porquê.
Isto é: Porquê???????



porquê eu?

23/10/06

Carla Alexandra Vitorino Veríssimo
esta sequência com que me identifico; à qual viro a cabeça ao ouvir pronunciar num qualquer lado.
E se eu fosse a mesma com outra sequência?
E se eu fosse a mesma com outros gostos, outra família, outros amigos?
E se eu fosse a mesma?
Só assim: ser a mesma.
O que é afinal ser ser?
O que é o mesmo?/O que é o mesmo.
E se?
E se eu fosse a mesma com outras roupas? Outras atitudes?
E se eu fosse a mesma sem esta escrita?
E se eu fosse outra sendo a mesma?
e se eu não fosse????
Alguém assimilava o Mundo por mim?
Alguém quebrava as vértebras num abraço forte até ouvir estalar tudo lá dentro?
e quando eu já não for e o Mundo continuar cá a ser??
É esta a escrita do dia de hoje. É com isto que quero que me identifiquem. Com aquilo a que eu própria me proponho virar a cabeça ao ouvir pronunciar num qualquer lado.
É esta aminha sequência: palavras deixadas a um Mundo que permanecerá quando eu partir.
É isto eu: Carla Alexandra Vitorino Veríssimo

08/09/06

Tributo a Luís Represas

Bem!!! Soube hoje de algumas novidades, e estou em pulgas!!!
Sempre tive um encanto especial pelo Luís Represas... em muitas viagens que faço lembro-me dele.
Imagino-o no carro, também a viajar, com a Margarida ao lado e os meninos no banco de trás. Ligam o rádio e no meio das mil canções em inglês lá aparece a voz dele, e a família toda a cantar a música do marido e do pai!!
Deve ser giro. Imaginava assim a vida do ponto de vista dos cantores! Aliás, eu sempre disse que se não fosse bióloga (como a cunhada dele, aliás!) seria cantora, para que reconhecessem e apreciassem o meu trabalho. Teria gostado de partilhar a minha voz com outras vozes. Como nasci com voz, mas não para cantar, dedico-me aos bichos, que é como quem diz, o canto da Natureza. Nos entretantos da Biologia, gosto de escrever, o que é uma forma de partilhar a minha escrita com outras gentes. E assim tenho letras, não de uma canção, mas daquilo com que espero en-cantar outras vozes, nesta música das palavras, que pode ser cantada pela voz dos teus olhos!
Conclusão, pensar no Luís era ver a vida de outra forma!E como disse a Jacinta, “no Luís há humildade, até na música”!!Eu só tenho a acrescentar: E é amar-te assim, perdidamente... (aliás, também adorei sempre Florbela Espanca, e poder ouvi-la na voz humilde de um Senhor... é simplesmente: genial!)Uma vez fui ver um concerto do Luís, em Pombal. Ainda me lembro da forma como ele entoou o nome dos restantes músicos, nomeadamente aquele: “Ernesto Leite” !!
Um bem-haja, Luís!

23/07/06

Quem és tu, afinal?
O que queres de mim?
Porque estou aqui, se não falamos?
Magoa-me “isto”…
E “isto” que são coisas estúpidas…
Mas passa-te tudo ao lado, não é??
Porque não te deixas magoar pelo “isto”?
És capaz, ao menos, de pedir desculpa?
Parece que estou numa ilha de pinguins… e tu lá ao fundo, frio como eles… inalcançável…
Tento pintar um desenho sem sair fora das margens… é quase tão difícil como ir à praia e não ficar cheio de areia.
Quem és tu afinal?
Pinta-me a tua resposta num desenho e fica comigo na praia.

18/07/06

Fábulas de la Veríssimo

Era uma vez uma menina que ia passar o fim de semana fora de casa. Como estava muito calor e ela cuidava de "largatixas" (como ouvira alguém dizer), pediu a uma amiga (2006, Lemos, Diana de Castro) para lhe dar de beber às lagartixas.
A amiga lá foi cumprir a sua missão, e no decurso do trabalho, ao abrir a porta de um terrário, houve uma lagartixa que autotomizou a cauda. Cauda para um lado, bicha para outro, e Diana não sabia o que fazer...
Resolveu deixar "quéta" a cauda dentro do terrário.
A menina veio na segunda-feira e retomou os estudos, sem reparar em cauda solta dentro dos terrários. A amiga disse-lhe o que tinha acontecido e a menina ficou muito admirada porque não vira cauda nenhuma. Remexeu a areia toda do terrário e nada. Concluíu que a "largatixa" devia ter comido a própria cauda, mas continuava admirada, pois nunca tinha ouvido falar de semelhante coisa!
Confirmou a possibilidade de tal comportamnto com peritos na matéria e disseram-lhe que, em terrário, isso já aconteceu mais vezes.

Moral da história: Nunca deixe a cauda para trás!!!
nem coma a própria "largatixa"!!!!

23/06/06

Basicamente é inadmissível ter que ouvir samba brasileiro nuam noite tão portuguesa (de Portugal) como é o S. João do Porto, carago!!!

08/06/06

A minha alma - Maria Rita

A minha alma tá armada
E apontada para a cara
Do sossego
Pois paz sem voz
Paz sem voz
Não é paz é medo,
Às vezes eu falo com a vida
Às vezes é ela quem diz
Qual a paz que eu não quero
Conservar para tentar ser feliz

As grades do condomínio
São para trazer proteção
Mas também trazem a dúvida
Se é você que está nessa prisão
Me abrace e me dê um beijo
Faça um filho comigo
Mas não me deixe sentar
Na poltrona no dia de domingo

Procurando novas drogas
De aluguel nesse vídeo
Coagido é pela paz
Que eu não quero
Seguir admitindo

Às vezes eu falo com a vida
Às vezes é ela quem diz
Qual a paz que eu não quero
Conservar para tentar ser feliz

07/06/06

Sessão de Abertura

... a comentários lascivos, carinhosos, frondosos, descontraídos, discretos, cordiais, atrevidos, intensos, férteis, poéticos, and so on!!

05/06/06

Qual de nós pode, voltando-se no caminho onde não há regresso, dizer que o seguiu como o devia ter seguido?
O livro do desassossego, Fernando Pessoa

15/05/06

''Sou fã. Volta, por favor.'' LG


pois... não sei quem é LG (Luís Guapo, será?!) mas peço desculpa esta ausência.. A única desculpa que tenho é pedir desculpa por pedir desculpa!! Já que as desculpas não se pedem: evitam-se!!

de qualquer forma, ser finalista de Biologia não é fácil (e tu Guapo, sabe-lo tão bem quanto eu!!) e estagiar ao mesmo tempo com lagartixas exige dedicação!!

de qualquer forma: obrigado por (continuares) continuarem aí!

30/03/06

Nesta cidade onde os pastéis de bacalhau são bolinhos de bacalhau; onde as passas de figo são figos de ceira; onde um mongo é um trengo; onde um alguidar é uma bacia; onde um café é um cimbalino; onde o nome é nôme; ... onde...

31/01/06

; continua à venda. Encomendas através de cavverissimo@gmail.com

15/11/05

O Homem do Sorriso Estúpido volta a atacar. Pior, desta vez não está sozinho!

estamos sentados... a porta parece-me tão longe... e ao memso tempo bordeaux... bordeaux tal como o vinho que percorre as nossas veias infinitas desde a unhaca mai longíqua do mei pé até ao mais estratosférico dos meus longos cabelos... bordeaux... onde jogara Pauleta tal açor voando como uma águia sobre um ninho de cucos... um galinheiro de pintos... Vejo 2 luzes... será amor? mal era se visse só uma... aquela ao fundo do túnel... foge dessa luz, podes ficar cum esquentamento! (onde é keu ia?)... Ah! A porta a meio caminho me parece agora... lá está... e eu não estive lá! mas e se o cuco vier um dia a chocar contra a porta bordeaux? Ficará com uma b=u=b=a=d=e=i=r=a????????? Pensamos k sim...A porta está próxima e o teclado mais longe... será k continuo a escrever? a escrever continuarei longe da porta mas perto do perto do mais perto da perteza. E da longe continuo a ver duas luzes, as luzes kalumeiam o comboio da vida... k apeadeiro será este? será k saio? será k fico? neste túnel k n nos deixa ver a luz..

cerejo, elias e rita

29/09/05

Tu, nos vários eus

Um sonho deixado para trás, num bailado a preto e branco.
Uma boneca sem vida.
Um corpo descoreografado.
Um ombro que segura. Uma cabeça de olhos fechados.
Farrapos num palco sem luz.
A pairar numa cadeira invisível.
De pernas dobradas e fita no cabelo.
Essa testa...
Esse olhar doce sob as pálpebras.
Uma menina ainda.
"Dança-te" da cadeira!
Sonha. Deixa. Vive. Segura. Olha. Fecha. Brilha. Levita. Dobra. Testa.
"Lança" com as pontas que tens nos pés!

28/09/05

Na noite do lançamento, vim a saber que a aliança que ele usava no dedo, está agora no dedo dela...

25/08/05

Carla, tenho uma notícia triste. O Tó faleceu.

Esta frase lateja na minha cabeça. Custa-me acreditar. Não aceito.
É verdade..., ouço ainda do outro lado.
...
E ouço também a voz dele a chamar o nome dela; relembro a sua cara, os olhos, os gestos, o andar...
Tinha uns olhos bonitos. Pareciam sorrir.
Lembro-me do cigarro entre os dedos, do espaço de trabalho, daquela noite com os amigos; e da voz, novamente da voz...
E do sorriso. (Nos olhos)
Aquela vida. Aquela energia, a felicidade, os projectos...

Pergunto-me onde está a aliança que ele usava no dedo? O que irá ela fazer às roupas dele, aos objectos... às bancas de trabalhos?
Relembro a conversa que tivemos enquanto ele retocava uma prótese. Usava uns instrumentos cortantes e tão minúsculos, e como agarrava o dente com os dedos, perguntei-lhe: Não te costumas cortar?
Respondeu-me ''às vezes''.
Entretanto fui ajudá-la no jantar e quando ele entrou na cozinha, disse-me ''olha, tavas a perguntar se nunca me cortava, e assim que saíste cortei-me!!''.
Ri-me.

Recordo o seu entusiasmo ao explicar-me as mudanças que iam fazer na sala de estar.
Revivo aquela manhã em que desci as escadas para me despedir dele...
Entrei para o carro dela e ele ficou no pátio a pedir ao cão que se calasse.


Estamos a tentar gerir a nossa vida, de forma a que o Tó se orgulhe de nós, diz-me ela, passadas duas semanas.
Fico novamente pensativa...
Penso nos filhos deles, no que poderão sentir; nela...
nos projectos que ficaram para trás; no futuro que poderiam construir...

Ainda não consigo acreditar que escrevo este texto para ele...
NÃO! Para o Tó, não!
Por outro lado, sinto-o vivo, quando o faço.
Que assim seja, então!
Que vivas em cada letra destas palavras. ETERNAMENTE.


(Mais tarde vim a saber, que as roupas continuam no armário, como se ele tivesse ido, simplesmente, viajar...
Que não viu como ficou bonita a sala de estar, no fim das mudanças...
Que decidiu dar o cão a alguém que o levasse a caçar...)

Nunca imaginei que aquele olhar do lado de fora da janela do carro, fosse o último que lhe via... que me tinha literalmente despedido dele... para sempre...
...
Sinto os dias como mensagens, mas a da morte é tão escura como a noite... por isso não a consigo ler...

Tudo se evaporou como o fumo de um cigarro...

01/08/05

Porto: una ciudad invisible (es la forma de definir a la ciudad ideal), Ferny

Chaves: uma cidade boazinha (uma espécie de adolescente envergonhada), José Cardoso

22/07/05

o que foi feito das fotos que tiraste comigo?

porquê, estás com saudades?! nostalgia?!

não gosto de perder pedaços da minha vida.
tu és um pedaço dela, todas as pessoas que conheço vão-me influenciando e tu foste uma delas. não é por não falar muito contigo que te esqueço. Há espaço para toda a gente boa que passa e passou na minha vida.
e lembro desse dia, em especial , porque gostei.


as pessoas vão-nos entrando na vida, mudando, marcando e portanto são parte de nós. é impossível esquecê-las. e também gosto de abrir a caixinha e ver que continuam lá, por mais que nem sempre possa falar com elas.

Co-produção: Nuno Pássaro & Carla Veríssimo

20/07/05

Prioridades:
carreira
orgulho
amor
família
dinheiro

personalidade: fiel
companheiro: amoroso (mas ainda não sei onde está...)
inimigos: esquivos
sexo: forte
selvagem - a minha própria vida

11/07/05

Veríssima

Todo o prazer. Metade do gás.

01/05/05

A quantas ando?
Na memória de uma imagem, à espera da Lua.
E tu não estás aqui.
Dizem que há vida lá no Além. Já não creio em nada.
Dia da tentação, peixinhos e bolas de sabão.
Não digas que não te avisei.
Estrela com nome de gente, o que é que tu tens?
Sorrio apenas.
Agora sou eu (finalmente minha).
E já estás no meu mapa.

Adaptado de Filipa Pais e José Peixoto

30/04/05

(...) Se temos de morrer, que sentido tem a vida?
Cada Homem que nasce deve redescobrir o sentido desta pergunta. E descobri-lo não significa tornarmo-nos donos de qualquer coisa, mas libertarmo-nos...
(...) Existir é uma loucura. Eu sou uma loucura. (...) Tentei convencer quem estava junto de mim de que o vazio estava cheio (...)
Foi nesse momento que iniciei de facto o meu caminho. O momento em que fiquei totalmente nu, totalmente inerme, totalmente sem voz.
Agora todos os dias me levanto e vou à janela e sei que esse dia poderá ser o último. Em mim, já não há medo ou sensação de vazio, o que há é a agitação um tanto adolescente de quem espera pelo primeiro encontro com o namorado.
(...) Ouço respirar aqueles que nascem e aqueles que partem, como um grande concerto entoado pelo vento. (...) Entre o céu e a terra há uma permuta contínua. (...)
... a abelha precisa da flor. Mas a flor, para existir, também precisa da abelha. Estamos todos ligados num abraço invisível. (...)

O bosque em chamas, Susanna Tamaro

15/04/05

Pontes vs Sonhos

Perfeição vs ImPeRfeIçãO
Homogéneo vs Heterogéneo
Branco vs Negro
Dar vs Receber
GRANDE vs pequeno
Subtileza vs Objectividade
Cara vs Coroa
Altura vs Largura
Suavidade vs Rugosidade
Visível vs
Direito vs Torto
Baço vs Brilho
Redondo vs Afilado
Real vs Magia
Verso vs Inverso

23/02/05

Obstáculos - Jorge Bucay

Voy andando por un sendero.
Dejo que mis pies me lleven.
Mis ojos se posan en los árboles, en los pájaros, en las piedras. En el horizonte se recorte la silueta de una ciudad. Agudizo la mirada para distinguirla bien. Siento que la ciudad me atrae.
Sin saber cómo, me doy cuenta de que en esta ciudad puedo encontrar todo lo que deseo. Todas mis metas, mis objetivos y mis logros. Mis ambiciones y mis sueños están en esta ciudad. Lo que quiero conseguir, lo que necesito, lo que más me gustaría ser, aquello a lo cual aspiro, o que intento, por lo que trabajo, lo que siempre ambicioné, aquello que sería el mayor de mis éxitos.
Me imagino que todo eso está en esa ciudad. Sin dudar, empiezo a caminar hacia ella. A poco de andar, el sendero se hace cuesta arriba. Me canso un poco, pero no me importa.
Sigo. Diviso una sombra negra, más adelante, en el camino. Al acercarme, veo que una enorme zanja me impide mi paso. Temo... dudo.
Me enoja que mi meta no pueda conseguirse fácilmente. De todas maneras decido saltar la zanja. Retrocedo, tomo impulso y salto... Consigo pasarla. Me repongo y sigo caminando.
Unos metros más adelante, aparece otra zanja. Vuelvo a tomar carrera y también la salto. Corro hacia la ciudad: el camino parece despejado. Me sorprende un abismo que detiene mi camino. Me detengo. Imposible saltarlo
Veo que a un costado hay maderas, clavos y herramientas. Me doy cuenta de que está allí para construir un puente. Nunca he sido hábil con mis manos... Pienso en renunciar. Miro la meta que deseo... y resisto.
Empiezo a construir el puente. Pasan horas, o días, o meses. El puente está hecho. Emocionado, lo cruzo. Y al llegar al otro lado... descubro el muro. Un gigantesco muro frío y húmedo rodea la ciudad de mis sueños...
Me siento abatido... Busco la manera de esquivarlo. No hay caso. Debo escalarlo. La ciudad está tan cerca... No dejaré que el muro impida mi paso.
Me propongo trepar. Descanso unos minutos y tomo aire... De pronto veo, a un costado del camino un niño que me mira como si me conociera. Me sonríe con complicidad.
Me recuerda a mí mismo... cuando era niño.
Quizás por eso, me animo a expresar en voz alta mi queja: -¿Por qué tantos obstáculos entre mi objetivo y yo?
El niño se encoge de hombros y me contesta: -¿Por qué me lo preguntas a mí?

Los obstáculos no estaban antes de que tú llegaras... Los obstáculos los trajiste tú.

31/01/05

o melhor da vida

um abraço.
volto a dizer.
porque o abraço não cobra nada... dá-se por instinto, vontade própria... sei lá... (Marisa Marques)

06/12/04

A cilada destina-se, por direito, aos iniciados. Transposto o primeiro bosque, a formação das sombras desenha o rigor imposto pelo medo.

A cilada destina-se, por definição aos incautos, transposto o primeiro bosque, a formação das sombras determina o terror disfarçado com o pasmo.

Julião Sarmento - Estratégias de Sobrevivência

22/11/04

Tributo a Irma e Adolfo

Las aves emigran a otros lugares para después volver al punto de partida. Durante ese trayecto de ida y vuelta estoy segura que ellas van recogiendo recuerdos, objectos, renovaciones...
Y siempre será así, cada lugar tiene su olor, su recuerdo, su gente...
Por eso las despedidas deben ser hasta luegos, son lapsos de tiempo que en ocasiones frutifican los corazones, los aune más fuertemente.
Ahora nos guardaremos en una cajita el recuerdo de estos días, de estos meses y sobretodo cada vez que la volvamos a abrir nos sentisemos felices por poder guardarlos ahí dentro, por conocer a esta gente, a este país y este lugar...
Yo también te llevaré en mi recuerdo mi ''pequenhina'' loira, y en mi corazón. Y seré feliz cuando te vea siempre sonreir.
Irma, Junio 2001


Foram estas as tuas palavras; e hoje, passados três anos, tu e o Adolfo surpreendem-me com uma caixa cheia de recordações, objectos, cheiros, gentes, dias, meses, lugares... Musica del otro lado del Muro...
Podes ser feliz, porque hoje vês-me sorrir;
porque hoje, quando não esperava nada, recebi (literalmente) Nada, esse livro de Carmen Laforet;
porque sempre adorei surpresas, e hoje tive uma;
porque a caixa me fez realmente recordar aqueles momentos convosco...
porque também já vos tinha presenteado com uma caixa...
porque nunca esquecerei NADA
e porque um dia escrevi: La vida está llena de círculos, de casualidades, y ahí se encuentra la felicidad. ?Sientes la batida de tú corazón? Contesta sus pedidos, camina con el.
!Valiente! Salta por la ventana, vola entre las nubes. Siempre hay un sol que luce en el horizonte.
Encuentra tu bosque, y en el erige tú casa.

é assim que me sinto. Obrigado!
Amo-vos!

17/11/04

gosto de ti.
mas isso não prova nada. quero provas!!
que tipo de provas?
palpáveis... e boas!
o que são para ti provas palpáveis?
hum... tu sabes! afinal, foste tu que, há pouco, disse saber muito bem o que penso...
mas isso são meros pensamentos, e entendo que as provas sejam sentimentos, por isso pergunto: o que são para ti provas/sentimentos palpáveis?
os sentimentos não são palpáveis...
os sentimentos sentem-se!
mas quando se sentem com força, isso nota-se, ou seja, de certo modo tornam-se palpáveis.
Palpáveis em gestos, atitudes, olhares, toques, diálogos... e os tão curriqueiros beijos e abraços, que acabam por perder força no meio destas provas/sentimentos palpáveis!

Co-produção: Carlita e Carlitos

24/10/04

Lembras-te de quando brincávamos nos muros da escola? De quando cheirava a terra molhada? Hoje está um dia desses, um dia paz. Escuto os passaritos chilrear, relembro os nossos risinhos inocentes. A vida já era tão complexa naquela altura, mas foram precisos alguns anos para nos apercebermos disso. Como será daqui a alguns anos? Espero continuar a ver abelhas nas flores e lagartixas nos muros da escola. A ter terra, a ouvir passaritos e risinhos inocentes, e finalmente a percebermos disso...

lembro, também eu consigo agora ver de perto a complexidade do sopro da vida! E, enquanto crianças o nosso sorriso nunca passou de ignorância, pois agora, só agora abri os olhos......

a infância de Carla Veríssimo e Raquel Sousa... há 25 anos...

22/10/04

Crónica na Rodoviária

Sexta-feira. 22. Outubro. 2004
Enquanto esperava para comprar o bilhete para o Expresso das 16.30 para Leiria, vem um casal de velhinhos pedir uma esmola.
Ela cega. Os dois de braço dado.
Ela: - Dê uma esmola, por amor de Deus.
Farta desta sociedade que leva uma vida fácil, à custa de esmolas, deste sistema que não muda, respondo-lhe: - Não acredito em Deus.
Ela desata a gritar: - O que é que a menina tá a dizer? Não acredita em Deus? Ó menina!! Deus existe sim senhor!! DEUS EXISTE!!
Eu: - Se Deus existisse, a senhora não precisava de andar aí a pedir esmola!!
Ela: - A MENINA NEM DIGA UMA COISA DESSAS!! DEUS EXISTE SIM SENHORA!! A MENINA DEVIA IR PÓ INFERNO!!
... ...
Eu... já nem lhe respondi, que não ia para o Inferno, mas sim para Leiria...
Eu... já nem lhe perguntei se ela já viu Deus, para ter tanta certeza que ELE EXISTE...

21/10/04

um ano de ;

., ponto e vírgula . e , ;


lembro-me de ouvir rumores... de fazer o meu ninho... de escrever, escrever, escrever...
lembro-me de me prender à janela dos comboios; simples!
do teu sorriso estúpido :)
de ouvir a tua voz... de quando não me ouvias...
de escrever a dois... de desligar
lembro-me do melhor da vida Noutras folhas...
lembro-me de vós, de ti, de ter saudades, lembro-me da minha infância...
dos lápis... de carvão, de cera... do prazer...
de criar o meu mundo sozinha... de ser este o meu refúgio.
lembro a subtileza que ficou por escrever, o vício dos dedos, as vivências paralelas, os amigos...
a mana... a mãe... aquele bailado a preto e branco, Andreia... aquele Joãozinho das Flores, mamã...
ponto. por agora

18/10/04

Disseste ainda bem que voltaste...

12/10/04

um bule de chá. um lápis de carvão e uma pequena folha de papel.
BREVEs mesaS.
cruzas as pernas em cima desses breveS.
usas umas sapatilhas pretas de tiras vermelhas...

10/10/04

fizeram-me um dia um pedido de desculpas... mas o melhor era terem-me feito literalmente... e no fazer englobo tanto a ejecção, como a injecção da matéria do mundo; da cumplicidade; dos sonhos; da liberdade; ... em suma: daquilo que somos feitos. Sem desculpas, sem pedidos, apenas com o melhor de nós a querer vingar...

09/10/04

elas fodem... e depois fodem-se!!

eles vêm-se... e depois vão-se!!

Ass.: Cem.sem

01/10/04

a cabeça da Terra; o verde prateado e a marca de cada habitante;

os parafusos que faltam nesta desconexão total;

O QUE SÃO AS PESSOAS?

deixo algumas marcas no teu livro...
talvez em troca das que me deixaste na alma...

rasgo ideias velhas; escritos soltos nas páginas ainda guardadas...

jogo-os no lixo.

sinto cada espaço que gosto como se fosse a minha própria casa.

Pinta-me uma tela!

com os dedos que agilmente serpenteiam as cordas de uma guitarra.


as pessoas são sorrisos que desaparecem um dia.
são eternas, entre as que continuam aqui.

uma fogueira que afinal nem sempre aquece

vidas q u e b r a d a s
vidros e s t i l h a ç a d o s
no meio destas paredes sujas
vivas no meio dos mortos.

regresso religiosamente à minha manta de retalhos. a este meu mundo sem nome



30/09/04

Dizem que o coração é do tamanho do nosso punho fechado; se o abrisse tanta coisa fugia!

Segundo Livro de Crónicas, António Lobob Antunes

23/09/04

PRECISO DE ESPAÇO!!
DEIXEM-ME RESPIRAR!

QUERO LIBERDADE!!!!!!!!!!

22/09/04

venho aqui... sem papéis na mão, sem concepções prévias, sem nada...
dar um pouco de mim... deixar saudades... ter tempo, num lugar sem (es)paços, no vício dos dedos... que agora não são só três, que agora não têm lápis de carvão...
venho saber de vós... que são também já este pouco de mim; venho, venho, venho...
e vou.
e tenho.
e deixo.
e dou.
e... vim aqui... sem papéis na mão, sem concepções prévias, sem nada...
ter um muito de mim...

30/08/04

adoro

quando a minha mãe me chama Carlinha;
a minha irmã me chama Manoca;
a Isabel, Carlita;
a Kátia, Loira;
a Maria Joana, Carlacoleta;
a Di me chama Veri;
a Bárbara, Carlovsky;
a Aninhas ou a Paulinha, Carlota;
o Cerejo, Gema d'Ovo;
o Ricardo, Veríssima;
o Guapo, Vitorina;
o Cláudio, Juba;
quando alguém me chama Linda;

26/08/04

a discórdia e a perfeição
o prazer da cor, da cera de ti
de mim
vício
resquícios de tempo dentro do vagar das horas vagas

25/08/04

[a ver]

Tasogare Seibei (2002) a.k.a. Twilight Samurai a.k.a. A Sombra do Samurai

Sinopse

Seibei Iguchi, um samurai de classe baixa, leva uma vida sem glória no Japão do século XIX. Viúvo, com duas filhas e uma mãe senil, ele tem assim de trabalhar e aceitar o que a vida de lhe dá para sobreviver. Mas a vida deste homem vai mudar quando Tomoe, um amor de longa data, se divorcia do brutal marido.
Elenco: Hiroyuki Sanada, Rie Miyazawa, Nenji Kobayashi
Realizado por Yoji Yamada
Critica: Baseado no best-seller de Shuhei Fujisawa, "Tasogare Seibei" segue a história da vida de um samurai de baixo escalão e das suas dificuldades num Japão prestes a sofrer grandes transformações. Estamos no final do período Edo (Tokugawa) e a entrar na era Meiji. Numa pequena localidade perto de Edo (agora conhecido como Tóquio), Iguchi é um samurai com bastantes problemas na vida. A sua mulher faleceu à pouco tempo, a mãe está senil e ainda tem o problema de ter de criar duas filhas com o escasso dinheiro que possui. É devido a estes constragimentos que ele ganha a alcunha de Tasogare (Twilight), pois enquanto os seus colegas depois do trabalho se juntam para beber um copo, ou algo parecido, Iguchi vai para casa, que nem uma flecha, cuidar da sua família e do seu sustento.
A condição humana de Iguchi quase não permite que exista uma separação da chamada “plebe”, e várias vezes ele é confrontado pelo conselho do clã.
O facto de dever dinheiro a quase toda a gente também não é esquecido e existe um certo conformismo geral que Iguchi é um homem em nítida “queda” social e economica, apesar de trabalhar muito.
As personagens são tremendamente humanas, repletas de sentimentos, de estados de espírito e de segredos que se recusam (por palavras) a partilhar. Depois somos ainda confrontados com a vertente social e política dos clãs japoneses, sendo assim ensinados sobre as suas hierarquias e as dificuldades que estavam a ser atravessadas neste momento da história. Teremos ainda espaço para o romance, acção e mesmo comédia, ainda que de forma suave e sempre bem trabalhados num argumento sólido e que não se perde em ninharias. Os diálogos entre as demais personagens são repletos de significado, bem ricos e com uma nítida força humanista que nos atrai imediatamente.

20/08/04

... voltei... depois de umas férias... depois de Sintra, depois de risos, de lágrimas, de queijadinhas, de travesseiros, daquela ginginha..., de confusões, de visitas, da minha mãe, da Andreia, do Alentejo, da seca, de Leiria, do meu aniversário, dos presentes (que amei), dos amigos, das noites, dos livros, dos filmes, dos gatos, do jardim, ...

14/07/04

o melhor da vida

§ um abraço;

# uma boa conversa;

* um beijinho;

} segredarem-me ao ouvido;

;) uma troca de olhares;

| a subtileza;

... o que fica por dizer...

10/07/04

às vezes acordo a meio da noite a pensar que um dia vou estar morta; que já terei desaparecido para sempre; que já não vou sentir nada disto que me rodeia; que já não vou viver!; e grito para dentro que NÃO QUERO; e grito: PORQUÊ; porque tem de ser asim??
assim como ela 'não sei e não consigo lidar com a morte'.

09/07/04

fui ver o Shrek 2 e o que aconteceu depois disso só pode ser a continuação do filme; ainda não sei é qual é a parte para rir...
o meu cartão multibanco foi comido pela máquina; encontrei quem não era suposto; saí dali; ia sendo comida por um cão... o meu telemóvel não dá para fazer chamadas (e tenho saldo!); mas de resto: estou sem dinheiro, e a dever ao pessoal... Mas fui a um bar; pedi desesperadamente que me deixassem ficar um pouco, mesmo sem consumir... e estou consumida e também já comia... aquele pêssego ao jantar não chega.
Decidi regressar a casa (de onde talvez, não devesse ter saído)... encontro outro cão... mas este era pequeno, e acho que estava assustado, como eu. Enquanto falava contigo ao telemóvel (sim, porque de repente já funcionava) sinto que estou a ser seguida... viro-me para trás e vejo uns olhos esbugalhados, que me fazem estremecer... felizmente estavas do outro lado... o pior é que se aquele homem decidisse que eu era comida para ele... esse teu outro lada estaria longe demais... Felizmente, ele ia tão cego, que passou por mim rapidamente... De resto, apercebi-me hoje que depois de quase uma hora a falar contigo, o meu saldo continua igual... será caso para dizer: venham mais noites assim?
Burro, onde estás para me salvar? Sim, 'a sério, a sério'...
Aninhas, percebeste?? Acho que tenho uma má notícia... os rios de € que te devo... só 2ª feira... e se este filme tiver um final feliz...
Achas que devia tomar alguma poção?? Ou primeiro devia tentar ser uma Princesa?!

08/07/04

perguntaram-me porque é que aquela série da 2: tem uma bolinha vermelha no canto superior direito... pensei em responder: porque tem cenas eventualmente chocantes, porque fala de homossexualidade, Sida, hipocrisia, amor, traição... porque tem expressões fortes, como algo do género: "a pila revestida a latéx que esteve dentro de mim, passou pela boca daquele gajo"; o que pode ser agressivo às mentes mais sensíveis; ou "Se tudo o que Ele tem para oferecer é a morte, devia ser processado. Como se foi embora, como se atreveu?" ... uma série onde aprendemos que nada se perde para sempre, mas no fim: viramos 3 moléculas de ozono...
pensei que a resposta era de caras, mas fiquei a mastigar a pergunta... e concluo que não concordo nada com aquela bolinha; afinal, se todos estes temas estão cada vez mais entre nós, se é tão normal a homossexualidade, por exemplo, porquê a bolinha??
Será admitir que há uma diferença?
Que ainda há uma diferença?
E meus amigos: não há diferença nenhuma!
Há SENTIMENTO.
Que importa que seja entre dois homens, duas mulheres, ou um homem e uma mulher??
Se entre eles houver amor, não importa mais nada!
Não importa fazer Manifestações, nem Festas, nem Dia do Orgulho Gay!
Se entre ELES, houver amor : Importa não terem uma bolinha vermelha no canto superior direito!!!

07/07/04

~ ~ ~ uma formiga ~ amizade ~ força ~ ensinamentos ~ palavras soltas à tona da àgua ~ determinação ~ peixe ~ risos ~ num rio com pedras ~ nesta cidade ~ coragem ~ numa estatística inigualável ~ nos sabores e saberes das gentes ~ num barco deambulante ~ nesse interior longínquo ~ ~ ~

Porque é esta a nossa arte de ficarmos mais sábios...

Porque um dia li: "Um professor afecta a eternidade; nunca consegue saber onde acaba a sua influência" (Henry Adams)

05/07/04

10.1.04

... só ficou conhecida nas notícias de última hora de um canal qualquer... de todos os canais...: "Mulher dispara o gatilho sobre si mesma"; "Toxicodependente põe fim à vida"; "Estudante desesperada, decide morrer"...

01/07/04

Moby Dick...
alguma vez este livro haveria de chegar às minhas mãos...
Mãos... o que se faz com elas... (?)
Se não tivesse lido El Mundo del Fin del Mundo, de Luis Sepúlveda; se não tivesse tudo aquilo que tive até esse dia...
Se não te tivesse conhecido; se não tivesse conhecido tudo aquilo que conheci até esse dia...
A ti, obrigada; à minha vida, em si mesma, não sei que dizer...
alguma vez eu haveria de vir parar a esta vida...

24/06/04

rescaldo da noite: muita martelada na cabeça, algum alho porro no nariz alho-porro, sardinha assada a 0.40 cêntimos (sim 0.40!), cerveja a 0.60, broa de Avintes e pimento assado à descrição, mesas tortas sobre a calçada, muita música pimba e gente para dançar... até houve briga da feia entre dois homens, porque um deles queria dançar comigo... só visto...
visto... muito mal o fogo de artifício, que começou fora de horas e desapareceu por tempos intermináveis...
esta noite não teve Ribeira, nem o baile de Miragaia... que é o melhor... não teve Martino a dançar...; mas teve Isabel (tem sempre Isabel), Maria Joana, Gustávio, Rita, Kátia, Filipe de Portugal (que é da Madeira)... as migas Rita e Jacinta, pela sua primeira vez no S. João, carago!!
teve um homem a masturbar-se no meio da rua... teve bailes... teve os Clérigos de vermelho e verde...
estive cá...

23/06/04

Chegou finalmente a noite mais esperada do ano!! Ou melhor: vai chegar... mais logo... com martelinhos, sardinha assada, alho porro e afins... juntem-se a nós!

16/06/04

nos blogs, há um aniversariante, e continua a haver um espaço reservado aos vossos comentários... em v;rgulas... será que não tenho amigos...? sim, isto é um apelo ao "voto"comentário... tou pior que o aniversariante... PARABÉNS, já agora;)

11/06/04

entro todos os dias no teu blog, como religiosamente os crentes vão à missa. a minha 'fé' vai ficando cada vez mais forte; as tuas palavras são o 'meu Deus das pequenas coisas'; e descubro a cada hora esse sentimento de amor-ódio pelos blogs, a que tanta gente fez e faz referência.
isto é um mundo... é horrível... há sempre um texto que ainda não lemos; um comentário que ainda não escrevemos; há mais uma fotografia a acrescentar; há o actualizarmo-nos e pôr-mos uma música no nosso blog; há um amigo que queremos linkar; há os que não conhecemos, mas que visitam de surpresa o nosso blog; há uma vida privada nessas páginas; há quem se queixe do aparecimento do seu blog, associado a certo tipo de buscas...
há sentimentos; há idea's, há partilha; há uma Lénia apaixonada; uma Lénia triste; há um Pedro licenciado; outro, que por mais que eu 'vá à missa' não percebo o que faz na vida... e depois queixa-se que o blog aparece associado a sites menos lícitos... tss tss...;
há esse ricardo, que dispensa apresentações, já que é permanentemente linkado, elogiado, comentado, ...ado (note-se: acaba de ser novamente, e uma vez mais, citado no meu próprio blog). Deves andar a oferecer telas ao pessoal...
há empenho; há diferença; há cor; há vidas; há dependência; há a minha paz; há coragem;
é um 'fenómeno', dizem os jornalistas, como se fosse uma anormalidade, já que só o anormal é notícia. dos que vão à missa religiosamente ninguém fala. não são menos nem mais do que nós. têm o seu amor-ódio, o seu vício, fazem os seus comentários enquanto o padre diz '...por minha culpa, minha tão grande culpa...' ("por tu culpa", repetiria Paquito); confessam-lhe a sua vida privada e são perdoados.
há medo; há horas a fio a bater textos; há inovação, há a raiva de quem é vaidoso e quer mudar o visual ao blog; há gente como eu, a escrever um texto como este; há vocês a lerem-me neste momento (muito obrigado, desde já);
há mais alguma coisa em comum, em todos nós? (por favor deixem as vossas respostas no espaço reservado a comentários, é só clicar em v;rgulas)

30/05/04

crónica escrita por mim e falada pelo Alberto, enquanto estávamos sentados numa mesa do café

- não gosto deste tipo. é muito penteadinho. é muito lindinho. tá sempre rodeado de gajas, não sabe o que quer; dá a muitas o seu pouco. é muito branco, sem sabor.
- gosto daquele grande, de cabelo grande. é fotógrafo.
gosto da rapariga gorda com o Swatch; cheira a coco; vim atrás dela na rua. apetecia-me dizer-lhe "obrigado pelo teu cheirinho a coco", mas ela ia olhar para mim assim....
- olha, gosto daquela ruiva; trabalha numa galeria, é uma pessoa de cara limpa.
- eu não sou nenhum juíz, estou só a exercer o meu poder: julgar o gosto...
-- como é que te chamas?
- Alberto Vilanua.
-- Vilanua é tudo junto?
- sim, Vilanua. (Viladespida)
- Alberto, também é tudo junto!
- a ruiva é toda colorida nas roupas; já o cabelo é colorido.
- há os sem coragem... como nós há mais pessoas que vêm aqui para observar.
- também me pergunto o que venho aqui fazer. venho ver-me nos outros; venho ser olhado...
- há pessoas com olhar completamente despojado; não consegues discernir se estão a criticar-te, ou simplesmente a olhar... nem sequer querem saber a cor da tua camisola, nem nada.
- nós julgamos sempre por comparação; é comum dizer "aquele gajo é feio", só para nos sentirmos melhor.
- olha, mas pára de escrever o que eu digo. vamos só conversar.
(...)
- o Luís tem uma irmã muito bonita, de lábio fino, feições finas, baixinha...
(...)

Eu e o Alberto, dirigiamo-nos à saída, quando o empregado do café me chamou para pagar a bebida que tinha pedido. Voltei para trás e quando saí finalmente, o Alberto tinha desaparecido... deixara de estar junto...

20/05/04

Meus amigos, pior que crónicas sobre a vida de estudante, só mesmo as aulas práticas de Fisiologia Vegetal Complementar (mais conhecida por FVC) (também tinha que começar por F...; F*D*S*E...), às quais não vou sequer perder o meu tempo a fazer comentários... (e agora estas reticências não é porque não apanhei o que a Professora (que consegue ser mais nova que eu) diz.
Venham assistir e depois falamos! Mas Boa Sorte!
Como perguntou a Kátia, na aula: "Ké ké pá fázê?"; ao que o Filipe de Portugal (que é da Madeira), respondeu: "Não sei, faz um ar de concentrada e descansa."

19/05/04

a mana perguntou-me onde estava ele no meio daquela infância toda. retornei-lhe a questão e pensei na minha resposta ao 20040418 do Pedro: sabes, ... não entra no meu quarto, não vem ter comigo, nem me diz um "então" enquanto me faz uma festa na nuca, também não volta costas, nem sai, nem vai embora. não é típico. não acontece desde que me lembro. não espero. não respondo, não é possível, não é isto que tem que acontecer. dura a eternidade atrás de mim... 24 anos...

18/05/04

crónica sobre a vida de estudante

Aula de Fisiologia Animal Complementar (mais conhecida por FAC) (mas bem que podia ser FUCK); 14.30;
Forma simples de um Receptor: célula nervosa com ramificações para a superfície do corpo... (e já não apanhei o resto)
... (uso reticências para quando não apanho o que os Professores dizem)
Corpúsculos de Meissner (é assim que se escreve; acabo de ver nas folhas mal fotocopiadas no Editorial): sensações de tacto fino.
Mais fundo na pele há receptores de Ruffini (a Salvadora da Pátria dos Aflitos é Rufino, se calhar vem daqui); e mais fundo temos os de Passini (nas folhas vem Pacinian corpuscle).
...
Receptores especializados para estímulos de natureza química (esqueci-me de referir, que além das reticências, uso MUITAS abreviaturas, e numa situação normal, este texto ocuparia menos de 1/3 do espaço [é como na cadeira de Avasculares em que o pecíolo tem de grossura menos de 1/2 mm de diâmetro, na entrada 24a e mais de 1/2mm na entrada 24b. Já agora memorizem isto: 1,3,13,14,99, e quando descobrirem o que é avisem! Prémio para a pessoa mais rápida: ... não sei (e desta vez não são reticências para quando não apanho)...]): gosto e olfacto.
Neurónios bipolares: ...
Lâmina pp do conj., c/ tec froxo, típica ds axónios bipolars (só para terem uma ideia real das abreviaturas)
...
Íris: com vasos sanguíneos dispostos radialmente; tecido conjuntivo com capacidade de acumular pigmentos; e com um orifício central - a pupila (sim, o preto dos vossos olhos não existe; é mesmo um buraco, que afinal não aumenta ou diminui; porque quem aumenta ou diminui é a íris. [é mais ou menos como dizermos que o Sol se põe e nasce, quando na realidade nunca sai do sítio])
Olhos vermelhos, por incrível que pareça não quer dizer que tenham andado a fumar certo tipo de substâncias, mas sim que Não têm Capacidade de Acumular Pigmento!!
...
ora serrata...
...
Retina cega: c/2camads d cels
... Vitamina A, da cenoura, para se formarem pigmentos visuais, para podermos continuar a ver...
Receptores auditivos: Ouvido Externo...; Ouvido Médio, com ar lá dentro; Ouvido Interno, com células nervosas, anéis semi-circulares, vestíbulo e cóclea. No vestíbulo há grãos de Carbonato de Cálcio (a típica areia que temos nas nossas cabeças) (uns com mais do que outros...)
... o escape é na zona do caracol... (ainda bem, que além de loira, tenho areia na cabeça e caracóis no cabelo... o que quer dizer que sou uma pessoa normal, com tudo no sítio...)
... ~~modilo~~ (~~ é o que uso para sublinhar as palavras que não percebo)
... mesmo se a estimulação for contínua faz mal... (N.B.: matéria lecionada numa aula de FUCK)
E baseada em algo que editaram num Blog, no outro dia: “Quem disse que era giro estudar Biologia?”. Eu gosto, mas às vezes....

16/05/04

a minha mãe

Lembras-te de quando me compravas laços na pastelaria da cidade?
Tenho saudades desses sabores da infância, daquela inocência..., de não haver responsabilidades, a não ser a de ser criança.
Lembro-me de quando me deixavas em casa da tia e ela me dava aquele leite instantâneo, que eu detestava.
Lembras-te de quando íamos às compras aos sábados de manhã?
Lembro-me de vir da escola, no Verão, abrir a porta de casa e rebolar no chão fresco da entrada.
Hoje sonhei com essa casa... o pátio, os coelhos, o poço, a casa de banho na rua, os porcos, os pombos, aquela pereira lá atrás, o Tobias... lembras-te quando o lenhador dormiu ao lado dele e acordou cheio de pulgas? Rimo-nos tanto!
Lembro-me de dar leite ao cabritinho com uma tetina posta no gargalo de uma garrafa de cerveja; das arcas de madeira no sótão; de ir às amoras em Agosto, com o Gabriel e as irmãs; da “Gente fina é outra coisa”... o que eu adorava aquela cabra dentro de casa, aqueles labirintos debaixo da estrada...
Lembras-te dos disparates que a mana dizia? – Mamã põe-me pasta dos dentes na escova, que eu não sei quantos metros são; - Mamã, anda cá que a Putchie vai ao telefone!...
Lembro-me de cavalgar em cima do meu leão de peluche. Ainda está cá em casa, junto ao cão castanho e à patinha de vestido vermelho.
Lembro-me daquela cadeira pequenina de madeira, em que sentavas a mana, na esperança que ela ficasse um minuto quieta; agora sentei nela o cão castanho.
A Rita e o Pedro, que lhes aconteceu? Esses bonecos são feitos de quê? Ficam ali, anos e anos nas nossas mãos, têm a vida que lhes damos, fazem o que a nossa imaginação quer e continuam pacíficos quando já não lhe imaginamos nada; quando os sentamos numa cadeira...
Se pudessem de repente ter vida, que diriam? Será que nos davam vida a nós, e com a sua imaginação faziam-nos o que quisessem?
Lembras-te da minha mala da escola primária? Com uns baloiços desenhados, os cubos com números, um escorrega... amarela e branca... não havia outra igual. Que lhe aconteceu?
Lembro-me dos Desenhos Animados: A Floresta Verde (com aquele passaroco a gritar: há perigo; há perigo!); a Alice no País das Maravilhas; a Heidi; o Sítio do Pica-Pau Amarelo; o Bocas; o Scooby Doo; os Marretas; os Estapafúrdios... o do toyosoio,soiotoyo; o Alf; o Tom Sawyer (e aquela casa na árvore, do Huckleberry Finn); o La vie, La vie; o Pepe Legal (Babalú, pra pensar estou cá eu...)...
Lembras-te das histórias que nos lias? A Anita; o Tucano Narigudo; as Fábulas de La Fontaine; As Histórias do Avozinho; o Grande Livro dos Animais... ainda me lembro de Como o Mano Coelho escapou à Raposa: - faz de mim o que quiseres, Mana Raposa. Assa-me, enforca-me, atira-me para o fundo do rio, esfola-me, fura-me os olhos, arranca-me as orelhas, mas por favor não me atires para aquelas silvas.
Lembro-me da banheira cor-de-rosa; das papas de farinha que fazias; dos beijinhos que dava na testa enorme da mana; da tua boneca no sótão; de quando eu e a mana entornávamos o leite todas as manhãs...
Lembras-te quando a mana levou as botas de lã de ovelha com a mini-saia de ganga, no dia em que o fotógrafo ia à escola?
Lembro-me de jogarmos à Cabra-cega; à Mamã dá Licença; à Meia-Noite; ao Passará-Passará. Lembro-me da D. Florinda, que punha uma peruca sempre que ia lá o fotógrafo; dos disparates que o homem dizia, só para nos fazer rir; lembro-me das mesas da sala de aula; de dizeres que o Gabriel tinha bicho carpinteiro no rabo, pois não parava quieto na cadeira, e no fim de mostrar os trabalhos à Professora, passava por debaixo das mesas para ir para o lugar; Lembro-me dos livros: o Papú, o Beija-Flor; de fazermos patinhos amarelos de cartolina, para oferecer aos meninos, quando faziam anos; lembro-me de como sempre fiquei triste por fazer anos em Agosto e nunca me terem oferecido um patinho...
Lembro-me de bater na cabeça do Gabriel com o meu Bom-Companheiro e de ele se deixar cair direitinho no meio do chão; lembro-me de chupar os caules das luzernas; de ir com a mana ao leite, a casa da Lúcia, e ficar a brincar com a Raquel, e tu a gritares para irmos para casa e a perguntar Não chega já de brincadeira?, e a nossa resposta era sempre a mesma Ó mamã, mas ainda não brincámos nada hoje...
Lembro-me das músicas que ouvíamos vezes sem conta; de ver o Dallas, o Barco do Amor, o Duarte e Companhia... aquele Citroên igual ao nosso...; de ter medo quando começava o Twin Peaks.
Lembras-te de me chamares Joãozinho das Flores?
Hoje sonhei com essa infância...

25/04/04

ser como um desejo; ser herói de um beijo; sobre a cidade;
viver numa estrela; e sem dar por ela; gritar: LIBERDADE

- Diana Basto -

05/04/04

não há fórmulas e eu criei o meu mundo sozinha... e estas são as minhas fórmulas.

Ser bonita afinal é tão fácil... ser boa é que é difícil.
A cena não está em termos um mundo bom, mas em deixarmos um mundo bom. (alguém já disse algo deste género)
Aliás, se isto já tivesse sido feito antes de nós; teríamos um mundo bom!
O que é que de mim está nas minhas mãos? E nas dos outros?
Onde está o "Você está aqui"?
Onde é que... ?
Finjo felicidade.
Finjo prazer feito uma mulher.
Os bichos são tão tranquilos.
Quero ser bicho.
Infiltro-me na felicidade dos outros e tento roubar resquícios de sentimentos para mim.
Não tenho nada construído, a não ser estas frases soltas...
e uma "tecla encravada" e um meio termo que não consigo encontrar; mas tem que existir equilíbrio??

relembro uma das nossas primeiras conversas; relembro aquela no banco de jardim do Palácio... compreendo-te, mas parece que nunca estamos na mesma cena...
relembro uma noite em tua casa, um filme, esse teu sorriso sempre... esse teu sorriso...
os teus raros abraços... mas bons...

o melhor da vida
... segredarem-me ao ouvido ...

Não tenho direito a introduzir-me na vida das outras pessoas... mas faço-o constantemente.
Quantos mais filmes faço, menos actores tenho; não posso querer controlar a cena.
O que é que ganhaste estes anos todos em estar isolado? O que é que perdeste?

se os preservativos falassem, que diriam?

Têm todos uma pancada; cada um com uma pancada a mais que o outro;
Onde anda o que tem uma pancada a menos que eu?

que directrizes usas quando estás em retiro? se é que há directrizes...
é auto-gestão? ou tens uma filosofia de base?
...

sinto que todos ralham comigo...

Planos/Bichos

verde: a minha casa... no verde laranja das folhas brancas das árvores...

Respiração
Ausência de pensamento
Acumulação de energia
Alimentação?
Bebida?

sinto-me uma morta-viva na imensidão de ruídos da Natureza; são breves e rápidos flashes... não sei explicar... é como que a eternidade num momento... com paz; sem pensar; sem preocupações; sem nada, mas com tudo

Estive na minha paz... no meu jardim...
(...) ele deu-me paz... deixou-me sonhar... e ser outra vez e uma vez mais:
inocente

inocente em paz

Aqui jazz esta melodia

o meu jardim é qualquer lugar onde esteja só; onde seja eu...
nem sequer há despedidas... nem... os carros que passam, nem todo este betão... nem nada destrói o meu espaço; o meu momento a dois comigo outra.
a paz está em mim e nalgumas pessoas minhas amigas, Sempre!

Adorava entabular uma conversa com os velhinhos que se cruzam comigo nas ruas...

olho-te sozinha, sentada noutras escadas, paralelas às minhas. que fazes aí?
... desces as escadas; passas mesmo à minha frente... olhas-me sem sorrir; olho-te sem sorrir; viras na primeira esquina; é a minha rua; e desapareces para sempre.

rm: já experimentaste escrever 10 linhas que fossem?
ainda não experimentei pintar uma tela que seja.

Escrevo mil textos diferentes ao mesmo tempo... absorvo mil coisas diferentes ao mesmo tempo.

está na minha hora.
Vamos! (eu e eu)
- Não; não vamos!
Chegam dois desconhecidos; entram no carro, e no último segundo desço as escadas a correr e entro no carro deles:
- Vamos! (eu, eu, ele e ele)

dormi uma sesta no jardim; "acorditava" de vez em quando e era como se viesse de uma viagem, de um outro mundo e tivesse sido largada instantaneamente algures num "não sei"

Faço aquilo que amo: ESCREVO

tenho outra vez este lápis vermelho de carvão... entre três dedos...
absorvo, absorvo, absorvo... tenho tudo isto para vos dar...

absorvam, absorvam, absorvam...
e por fim: o meu sorriso de menina inocente!

Agarro com força o meu caderno; beijo-o;
sussuro ao ouvido do meu lápis: amo-te!
Carla; 05/04/04

Não: sem Carla, sem data; isto tudo acaba aqui:

28/03/04

o melhor da vida

os jantares em minha casa; o Strogonoff de Palmito da Joana; o meu Alho-francês à Brás; as caipirinhas da Kátia; o sorriso do Andrew; as festas Erasmus; os meus amigos; as gaivotas; o cheiro dos lápis de cera; uma boa conversa; as surpresas; o Pinguim Café; as saídas de campo; esta liberdade; escrever; a vida, basicamente.

12/03/04

Não paro de pensar nesse homem que perdeu a vida; nessas vidas que perderam esse homem; no segundo que isso durou; na serenidade desse dia; no vaivém dos dias anteriores.
... Se houvesse um jardim e uma árvore, onde ele repousa, que ganhassem vida a cada segundo, ... e um lobo a passar ...

11/03/04

... reticências. ponto, vírgula Subi a esse sonho e fui para longe ainda a fingir. ponto
parágrafo Estava sempre comigo: dois pontos esse azul, vírgula ou será verde? ponto de interrogação
parágrafo Não sei, vírgula no mínimo é um sorriso, vírgula o teu sorriso sempre à minha espera. ponto
parágrafo Aqui neste algures tão perto, vírgula afinal. ponto final

04/03/04

Sinto o cheiro da tua sala... do teu quarto...
Deito-me ao teu lado no sofá. Sinto os teus braços no meu corpo.
Reescrevo o nosso acaso... a história que nos fez deitar no mesmo sofá... mas começam a escassear-me as letras... porque ainda me custa explicar os acasos... ... e não quer dizer que tenha que existir uma explicação, certo?

03/03/04

o melhor da vida

... o prazer de pintar com lápis de cera ...

02/03/04

Desligo o sombreado da nossa gaveta
d-e-s-l-i-g-o o pincel da tua tela
d e s l i g o os caracóis que a prendem ao tecto
esligo a toalha imperceptível
sligo as camas que ele vestiu
ligo o nome que os solta
igo na terra da rua
go me
o o vazio que Desligo

01/03/04

uma amizade é a surpresa, são sorrisos, é um dia de sol, e uma aventura na serra. é um momento registado para sempre, é a descoberta; são vocês.
a estrela, uma formiga que passa, um ribeiro, o cheiro a verde, as pedras, esta água que corre em nós.
aqui deixo uma gota de mim, para sempre...

29/02/04

Noutras folhas

...arrasto o carvão na penumbra da noite. sentem-se tremores; mas não consigo ter medo. Continuo a arrastar... é viciante.

27/02/04

o melhor da vida

... água bem quente sobre os meus ombros ...

26/02/04

Apanho o 54 na paragem junto a minha casa; enquanto converso com o motorista para saber como chegar ao meu destino, o meu destino muda por momentos.
Lá atrás uma mulher diz que há um homem inanimado ao seu lado. Ligo imediatamente para o 112, o médico faz-me mil e uma perguntas e diz-me para virarmos o senhor para o lado esquerdo. Enquanto a ambulância não vem, corro ao Centro de Saúde, ali mesmo ao lado e pergunto se há algum médico que possa ir ajudar o senhor. Impossível, respondem-me. Não fazem serviço de urgência fora do Centro.
Volto a correr para o autocarro, o homem já está consciente e acabara de vomitar...
Entretanto chega o INEM, o médico e o enfermeiro efectuam as devidas acções; provavelmente paragem de digestão. O senhor começa a melhorar, mas em todo o caso vai ao Hospital, por precaução.
O motorista pede-me os dados pessoais para servir de testemunha da ocorrência; entretanto descubro uma mala esquecida no meio da confusão, e uma vez mais fico como testemunha do que havia lá dentro.
O meu destino era o Centro de Histocompatibilidade, onde ia tirar sangue para análises, por forma a ser Dadora de Medula Óssea. Finalmente, o motorista diz-me que o melhor autocarro para lá é o 6.
Apanho o 6 ... uma paragem depois da minha casa.

25/02/04

a vida é uma sopa de letras. que na tua colher existam sempre aquelas que permitem escrever palavras; aquelas que permitem ler a vida.
e ler é sentir, é escolher, é encontrar; é.

a sopa é um jogo. as regras são resistir sempre. Resistir - a palavra mais bonita que se pode construir com as letras de uma vida.

relevos na superfície lisa dos momentos. "des-sentidos" nas palavras,

raízes que ligam dois espaços.

,comidas entres uma vida e uma sopa.

24/02/04

^..

os laranjas da tua vida. um descobrir, esta dança das folhas brancas de papel, que se querem plenas.
um sentir. os lápis de carvão na minha vida. um pássaro breve numa laranja. uma tela de letras, numa lua de ti.
na subtileza dos símbolos, nos gestos livres, em cada caderno de sons.
(...) nesta minha forma fragmentada de escrever-te (...) e esse sorriso, sempre; e esse olhar (...)

22/02/04

21/02/04

fixo os olhos no vazio da tua cadeira... fixas os olhos no fumo de um cigarro... e esse azul continua aí... e esses cabelos... continuam a ser... três pontinhos...

08/02/04

fixas os olhos nessas folhas. fixo os olhos em ti. esse azul... esses cabelos... esse que és... e com quem me cruzo num desses acasos da vida...
tudo isto... reticências... espaços... num breve agora deste tempo...

04/02/04

Simples. Para mim. Com a complexidade que eu quiser impôr. Numa estrela. Um fio apenas. Uma linha. Numa casinha a sombreado. Com esse apagar de velhos traços. Por esse ponto de interrogação. A este porquê em busca do tu. Com que ponto ligo uma energia. Sobre um círculo destacado. Fora disto que sou. Dentro dos lugares. Sem as gentes. Cedo, mas aí. Nunca. Deste espaço a outra cor. Um ponto, uma vírgula. , ;

02/02/04

Desligo o nome que a liga à terra;
deslig o pincel da minha gaveta;
desli os caracóis que ela vestiu;
desl a toalha que a prende ao tecto;
des as camas na rua dela;
de o sombreado imperceptível;
d o vazio que a desligou.

08/01/04

Qual será a diferença entre agora estar viva e entretanto estar morta? (Mesmo que o entretanto seja só daqui a 100 anos)

Acordei estranha esta manhã. Com vontade de chorar,mas sem saber porquê.

Continuam a cair lágrimas de chuva lá fora, e as folhas das árvores tremem com frio.
Há salpicos na minha janela.
...
Plantem-me sob a erva e ponham uma árvore nesse jardim. Entretanto quero aquecer aquelas folhas...