Carla Veríssimo cria site para se dar a conhecer e ao seu trabalho.

Carla Veríssimo cria site para se dar a conhecer e ao seu trabalho| http://cavverissimo.wix.com/carlaverissimo

09/12/08

O texto que se segue é baseado em factos: Tristes.

Tristes, porque Verídicos.

Vamos chamar-lhe Rui.
Mas podia ser Ricardo, André, Nuno, Paulo, João, Sérgio, Luís, Pedro, Bruno,…
Rui conduzia o carro. Alexandra ia ao seu lado.
Vamos chamar-lhe Alexandra.
Mas podia ser Marisa, Andreia, Jacinta, Raquel, Verónica, Rita,…
Rui e Alexandra tinham deixado o filho de 4 anos em casa dos pais dele.
Não vamos chamar-lhe nome algum.
Podia ser todos os nomes.
Rui e Alexandra conversavam acerca da casa nova, para onde iam mudar já no próximo fim-de-semana.
- Como vamos fazer as mudanças?
- O melhor seria alugar uma carrinha e levávamos tudo de uma vez, não achas?
- Estou desejosa de ver a biblioteca montada!

Rui tinha acabado de sorrir para a Alexandra, quando vê um carro vir em direcção a eles.
Só tem tempo de dizer:
- E agora o que é que eu faço?

Alexandra acordou no hospital.
Tinha um braço partido e os médicos preparavam-se para operá-la, quando lhe disseram:
- O seu marido morreu no acidente.

Rui tivera morte imediata.
Os dois carros chocaram frente a frente. Condutor com condutor.
Os passageiros do outro carro não sofreram quaisquer lesões.
A polícia ainda não chegou a conclusões acerca de como tudo terá acontecido.

Imaginamos o desespero de Alexandra, a raiva, a tristeza, a incompreensão e todo um rol de sentimentos a que não vamos chamar nomes, por não sermos a própria Alexandra.
Chamamos-lhe Alexandra, mas podia ser Marisa, Andreia, Jacinta, Raquel, Verónica, Rita.
Imaginamos o filho deles….
O filho tem 4 anos. Mas podia ter 8, 20, 40.
Imaginamos os pais dele….
Mas podiam ser os pais dela.

Chamámos-lhe Rui.
Mas podia ser Ricardo, André, Nuno, Paulo, João, Sérgio, Luís, Pedro, Bruno,…

Este Natal:
Vão, mas voltem todos vivos!

07/11/08

Segredos que mudarão a sua vida sexual

Respire fundo
Relaxe, e tome o seu tempo/FAÇA tudo a seu tempo, ao seu ritmo (não sei como fica melhor):
Torne-se um campeão da maratona sexual!
Fast and safe male.
Atraia mulheres instantaneamente
E nunca mais vai ser infeliz!
Ser membro do euro club dá-lhe vantagens
Acessórios
Dildos
Noites cheias de prazer
Sais de banho, shampoos, cremes.
Seja confidente!
Não conte isto a ninguém!
Amor ao primeiro click.
Nenhuma mulher poderá dizer não
No more headhackes!!!
Ligue o auto-piloto

Eu diria auto-pilota!
Ou meta no piloto automático e já está!
Agora é possível ter sexo mais de 10 vezes por dia.
A estimulação produz uma erecção forte, poderosa e dura que nem uma pedra.
Mais esperma significa orgasmos mais longos
Real sex lowest prices
The cheapest viagra
Huge discount.
Medicamentos genéricos
Descontos instantâneos.
Descontos até 30%, 80%

É muito delicado?
Tem sabedoria nas relações?
Ainda continua solteiro?
Desapontado?
Sem ponta?
Controle o seu poder de macho.
Trabalhe em casa
Estudamos o seu curriculum vitae
Pode fazer um MBA, e com tal Grau Universitário, propomos-lhe ser o coordenador do grupo!!!!!!!!
Há programas de envio e extracção e tudo!
Programas de envio e extracção…. Hum…. Envio ou enfio?
E extracção? Hum………
Pode ter/fazer sexo as vezes que quiseres!
Como nunca antes!
Super sexy russian girls gets fucked
Make your pants dragon huge
Energy fur ihren pénis
Ãn? Mails em alemão e tudo a ver se uma pessoa não percebe.
Alargamento de peitos
Beautiful russian women waiting to meet you
Os teus orgasmos podem ser mais fortes!
Coneccção excelente!
Repito Cone cção excelente?!

Esqueça a crise mundial!
Aumente o tamanho do seu pénis.
Fazemos réplicas. Boas réplicas.
Do órgão?, pergunto eu? E podem mandá-lo também por e-mail?, ou por correio, se der mais jeito?
O alargamento é fácil.
Descontos se as pilas vierem do Canadá.
O tamanho conta! Hot girls like it big.
Conta tanto que já há um Top Mais da coisa. Ou do Coiso, melhor dizendo. Chama-se Top 5 de pénis alargados!!!

Como é que não há-de haver gente que é despedida por passar HORAS a ver mails porno?
Aquilo vem-nos parar à caixa de entrada!!! Se queremos ler as mensagens REALMENTE importantes, temos de passar inevitavelmente pelas Porno! Temos de lhes tocar, de lhes clicar, …. Sugestivo, não?!
E demoramos tanto tempo nisto como demoraríamos naquilo que… vocês sabem……..
Sim, a FAZER realmente sexo, em vez de estar a falar dele!!!!!!!!!
Ao menos estaríamos em ACÇÃO de poder tornar os nossos orgasmos mais fortes!!!
E de aumentar o tamanho dos nossos pénis. Dos nossos (mulheres e homens). Sim, que há mulheres com cada clítoris, que se o parceiro se distrai, vira gay!!!

Uma pessoa nem consegue ficar húmida! Uma pessoa fica é encharcada, em mails desta categoria!!!!!!!!!!
Literalmente!
E para aqueles que ainda têm coragem de chamar a isto SPAM, eu chamaria SPERM!!!!!!!!!!!!!!!!

POR FIM, vamos lá ver se não tenho problemas por causa dos direitos de autor destas frases todas!!!!!!!

P.S.: Espero que a minha mãe não leia isto!
É quase como a outra do assalto ao BES que pediu que os filhos não vissem televisão naquele dia!!!!!!!!..................
(No comments)

Ainda tem problemas de potência?

20/10/08

Em 19 de Outubro de 2003, um amigo especial punha este blog online.
No dia seguinte o primeiro “post” dizia:

20.10.03
com . e , começo...
Posted by Carla Veríssimo at 00:37

E comecei.
E vim assim, seguindo pelo tempo neste espaço, onde sempre tive por objectivo a Difusão. A Partilha.
O querer tocar os outros, vocês que me lêem.
Impacientar-vos, aconchegar-vos, confrontar-vos. Fazer pensar, fazer rir, mexer, abanar, provocar, informar.
Dar uma outra, (a minha), visão.
5 anos de blog.
5 anos de palavras.
De escrita.
De leitura.
5 anos de voz em mim.
De vós em mim.
5 anos neste meu espaço.
A fabricar.
5 anos de amigos, de criação, desta arte que me empolga, me impele, me empola.
Ary dos Santos disse Fazer versos é, para mim, uma função tão natural ou necessária como dormir, comer ou fazer amor.
É esta a melhor definição que encontro para descrever esta minha necessidade de partilhar o tanto que escrevo, esperando o feedback, a crítica, e as palavras dos outros: Vós.
A voz das palavras dos outros: Vós!, para poder crescer, maturar, evoluir.
5 anos depois quero deixar esta reflexão.
Tanto ao amigo especial que pôs este projecto online, como a todos os que me lêem, tenho apenas mais umas linhas:
Um sincero obrigada!
Sentido
Agradecido
Espero que continuem daí.
Venham as críticas, as sugestões.
As vossas palavras. A vossa Voz!
Fiquem as letras e esta arte que é minha: escrita
com . e , continuo...

15/10/08

23/06/08: 00h25min

Passei o Domingo na praia. Apanhei um escaldão. Estou frita. Literalmente. O que vou escrever desta linha em diante vai ser difícil, vai doer mais do que o escaldão e vai parecer uma declaração de amor. E é. Uma declaração.
E um amor.
Uma declaração de que quando tu me apareceste na cozinha te achei estranho e pensei: “Ui… vou ter que partilhar a casa com este gajo esquisito”.
Mas depois com os dias, começámos a conhecer-nos e demo-nos sempre bem. E já não me lembrava de “match” assim tanto com alguém.
Uma declaração de que: E agora quem se vai sentar no sofá individual enquanto vejo as séries da 2:?;
E agora quem me vai chatear porque estou deitada no sofá sem fazer nada?;
E agora quem me vai dizer que não é meu amigo?;
Vai ser estranho não ter o meu carro estacionado à frente ou atrás de um Seat branco mais pequeno do que eu, mas com umas escadas maiores que o mundo.
Quem me fará companhia no F2 e 4 do cinema?;
Quem escreverá a Lista das Espécies?
Quem comerá com pauzinhos?
A quem vou dizer Bom-dia; Olá; Até logo?
Quando voltarei a ouvir Tas cá? ou Bye Bye!
Uma declaração que não consegue declarar o que é, nem o que são as relações humanas.
Um amor: pelas pessoas. Pelo que elas me dão. Pelo que guardo. Pelo que recordo. Pelo quanto me marcam. Pela sua singularidade. Pelos seus simples sorrisos. Pela presença. Pelas expressões. Pela paciência.
Espero ver-te um dia numa bicicleta de rodinhas a ensinares o teu filho a andar, e a aprenderes com isso!
Espero que saiba como tu ouvir o canto da coruja.
Não estava à espera que fosse hoje. Que fosses hoje.
Apanhei um escaldão na praia. Cheguei a casa e tinha de me despachar para ir ao cinema. Não te vi. Não vos vi. No fim do banho ouvi um barulho e pensei Devem ser eles. Que bom! Vou pedir-lhe a ela para me pôr creme nas queimaduras.
Estava cheia de dores.
E continuo cheia de dor… agora cá dentro, onde também apanhei um escaldão. Um outro escaldão.
Esperava que me tivesses dito que ias embora. Ter sabido que era hoje. Poder dizer adeus. Abraçar-te.
Talvez tenham poupado ver as minhas lágrimas. Entrego-me demais às pessoas e depois é isto.
Recebo demais as pessoas, assimilo-as demais. E depois, quando a vida nos leva por caminhos diferentes: Sofro demais.
Tenho saudades demais.
Ela que não fique com ciúmes desta Declaração. Parece que a ouço dizer: É tão querida!, que lhe ouço ainda o riso, tão próprio, tão cheio de vontade.
Nem o teu cheiro ficou na casa.
Nem sei porque chorei, nem porque choro mais pelo facto de encontrar a casa sem ti e sem as tuas coisas, do que chorei com o filme no cinema.
Talvez por ter sido apanhada desprevenida.
Continuarás a fazer parte das minhas estórias e dos meus livros.
Foste embora hoje, ontem, dia 22 ainda, e eu vou poder voltar a tomar banho de porta aberta e a andar nua pela casa,…
Mas de que me vale tudo isso?
Se não vais estar cá para avariar o comando da televisão, para abrir a janela da cozinha logo de manhã e me incomodar a aragem fria que vem da rua?
De que me vale tudo isso, se não vão haver ninhos à porta da entrada e todo o teu material de campo?, se não vais estar cá pra dizer: Vou tomar café, já venho, antes das séries de 2: começarem?
Fiquei sem saber muito de ti, pais, irmãos, aventuras, desejos, medos,…

Tenho fome e estou queimada do sol. Tenho medo….
A vida é um fio de luz muito ténue. A qualquer milésimo de segundo pode apagar-se. Tento levar comigo todos os filamentos que posso.
Estou cansada. Vou dormir.
Boa-noite.
Bye bye!

07/10/08

Le Toi Du Moi, Carla Bruni

Je suis ton pile
Tu es mon face
Toi mon nombril
Et moi ta glace
Tu es l'envie et moi le geste
Toi le citron et moi le zeste
Je suis le thé, tu es la tasse
Toi la guitare et moi la basse

Je suis la pluie et tu es mes gouttes
Tu es le oui et moi le doute
T'es le bouquet je suis les fleurs
Tu es l'aorte et moi le coeur
Toi t'es l'instant moi le bonheur
Tu es le verre je suis le vin
Toi tu es l'herbe et moi le joint
Tu es le vent j'suis la rafale
Toi la raquette et moi la balle
T'es le jouet et moi l'enfant
T'es le vieillard et moi le temps
Je suis l'iris tu es la pupille
Je suis l'épice toi la papille
Toi l'eau qui vient et moi la bouche
Toi l'aube et moi le ciel qui s'couche
T'es le vicaire et moi l'ivresse
T'es le mensonge moi la paresse
T'es le guépard moi la vitesse
Tu es la main moi la caresse
Je suis l'enfer de ta pécheresse
Tu es le ciel moi la terre, hum
Je suis l'oreille de ta musique
Je suis le soleil de tes tropiques
Je suis le tabac de ta pipe
T'es le plaisir je suis la foudre
Tu es la gamme et moi la note
Tu es la flamme moi l'allumette
T'es la chaleur j'suis la paresse
T'es la torpeur et moi la sieste
T'es la fraîcheur et moi l'averse
Tu es les fesses je suis la chaise
Tu es bémol et moi j'suis dièse

T'es le laurel de mon hardy
T'es le plaisir de mon soupir
T'es la moustache de mon trotski
T'es tous les éclats de mon rire
Tu es le chant de ma sirène
Tu es le sang et moi la veine
T'es le jamais de mon toujours
T'es mon amour t'es mon amour

Je suis ton pile
Toi mon face
Toi mon nombril
Et moi ta glace
Tu es l'envie et moi le geste
T'es le citron et moi le zeste
Je suis le thé, tu es la tasse
Toi la putain et moi la passe
Tu es la tombe et moi l'épitaphe
Et toi le texte, moi le paragraphe
Tu es le lapsus et moi la gaffe
Toi l'élégance et moi la grâce
Tu es l'effet et moi la cause
Toi le divan moi la névrose
Toi l'épine moi la rose
Tu es la tristesse moi le poète
Tu es la belle et moi la bête
Tu es le corps et moi la tête
Tu es le corps. hummm !
T'es le sérieux moi l'insouciance
Toi le flic moi la balance
Toi le gibier moi la potence
Toi l'ennui et moi la transe
Toi le très peu moi le beaucoup
Moi le sage et toi le fou
Tu es l'éclair et moi la poudre
Toi la paille et moi la poutre
Tu es le surmoi de mon ça
C'est toi charybde et moi scylla
Tu es la mère et moi le doute
Tu es le néant et moi le tout
Tu es le chant de ma sirène
Toi tu es le sang et moi la veine
T'es le jamais de mon toujours
T'es mon amour t'es mon amour

02/10/08

Acredito que temos uma relação física e espiritual. Uma relação física e espiritual, pura.
SOMENTE PURA.

Tenho saudades tuas.
Confesso-me.
Fazes-me falta.
Hoje não controlei o sorriso quando me apareceu pela frente a tua imagem.
Estava aquilo a que se chama babada!
Com o teu sorriso, a tua boa disposição.
A tua cara, o teu corpo. A tua mente. A tua história. A tua figura. A tua fotografia.
O teu trabalho. As histórias na tua vida.
Passava um dia inteiro contigo.
Não me cansas.
Não era suposto dizer-te isto. Fecha os olhos. Não leias.
Não podes saber disto.
Fecha os olhos.
Já disse!
Fecha a página!
Desliga-me!
Não podes ler!
É segredo.
Não era suposto dizer-te isto, mas ISTO é o que sinto.
i.e., uma amizade, uma harmonia, um bem-estar.
Uma amizade que está a nascer. E por ISTO, estamos sempre a olhar por ela. Para ela. Sempre a ver se está bem, se precisa de alguma coisa. Se chora, se tem frio, se quer mamar, se tem a fralda suja.
i.e., estamos sempre lá.
e.i., e isto:
agora que não estás daí, FAZES-ME FALTA.

29/09/08

CS

Como é que se escreve uma pessoa genial?
Como, a ponto de sentir a necessidade de comunicação? A necessidade de agarrar num lápis, num papel e vir aqui escrever estas coisas difíceis?
Estas coisas complicadas de explicar quando se escreve…? Porque de facto não se escreve. Vive-se.
Como se escreve uma forma peculiar de falar, uma expressão, Pensa, Pensa!, um sorriso, um olhar?
Como se explica a simpatia, a amizade, o esforço, a humildade, o carinho, a garra, a simplicidade, a dedicação?
Como é que se escreves TU?

25/09/08

Uma vida inteira à esperma

Aquele clítoris não parava de palpitar.
Aquele pénis quente, com quem ia ao cinema de vez em quando, penetrou-a.
Cheira a gente.
Sabe a sexo.

Um espermatozóide ao lado e eu podia ser um Carlos Veríssimo. Uma cantora. Um astronauta. Uma arqueóloga. Um advogado. Ter 1.70 m de altura, ser moreno, de cabelos compridos. Ser um pedófilo. Uma actriz. Um anão. Um preto. Um tibetano. O presidente dos EUA. Um cigano. Uma Ucraniana. Um mercador nos Emirados Árabes Unidos. Ser de esquerda. Ter pais pobres. Estar num Colégio de Freiras.
Ser surda.
Ou não ser.
Um espermatozóide ao lado e eu podia: Não ser.

Mas depois há dias em que acordo com uma lucidez extrema, assoberbada, arrogante.
Uma lucidez acerca do que sou, do que quero. Acerca das minhas tarefas profissionais e das minhas relações pessoais.
Quero uma relação pessoal. Mas evito-a com medo de realizar todas as tarefas que me foram penetradas à nascença, e assim, a minha vida já foi. Já está vivida, e depois não tenho tomates para mais.
E depois, mesmo com clítoris a palpitar, não quero pénis no cinema.
Não cheira a gente, nem sabe a sexo.
Não sei se estou a ser clara.
E vivo esta angústia muitos dias, e muitas noites: o querer já realizar mil sonhos e desejos que tenho e sinto, mas saber que ao fazê-lo: JÁ FOI. JÁ ESTÁ. JÁ PASSOU. JÁ ACABOU.
JÁ ESTOU MAIS PERTO DO FIM.
E FOI ISTO: A MINHA VIDA.
Não sei se fui Carla.

23/09/08

Viagens na minha terra dos outros

As nossas fotos de viagem podiam ter sido eu na Acrópole, eu no Red Light District, eu no Wawel e eu em todos esses lugares-comuns.
Mas foram restaurantes cheios de malas, cobertores, aparelhagens, tapetes farfalhudos, guitarras partidas, candeeiros, telefonias, bonecos de peluche, bonecos de plástico, bancos, gaiolas, panos, raquetes, espanta-espíritos, detergentes, camelos de plástico, k7s, almofadas, naperons e tralhas várias.
As nossas fotos de viagem podiam ter sido tu no barco, tu no avião, tu nos jardins, tu nas bicicletas.
Mas foram homens de mãos sujas, negras, IMUNDAS, encardidas pelo tempo. Foram gatos em cima das mesas, enquanto pessoas a jantar. Foram teias de aranha, ratazanas de estimação, baratas, pulgas, caraças e daí pra baixo! Foram iraquianos escada acima escada abaixo à procura de lugar para nós.
Foram canelonni com sabor a canela. Foram dentes de crianças a puxar bifes de vacas. Foi um desconhecido de 40 anos e 2 metros a levar-me para casa. Fui eu a apalpar as mamas de uma gaja, que pensei ser um gajo mascarado de gaja. Foram os nossos vizinhos na casa sem paredes, acasalados um no outro. Foram velhas de ossos desconjuntados. E fui eu a escrever isto às 3 da manhã. A escrever e a flatular-me toda como se não houvesse amanhã.
As nossas fotos de viagem sou eu a inventar um novo emprego: andar pelo mundo de caderninho na mão, a escrever sobre terras assim.
Exmos. Senhores,
Na sequência do vosso anúncio, venho por este meio enviar a minha candidatura a funções de Escritora. Escritora dos Povos. Do mundo. Dos lugares. Dos cheiros. Das músicas. Dos espaços. Das comidas. Das línguas. Possuo como experiencia profissional 6 meses na Grécia, 3 semanas na Polónia, 5 dias na Holanda, e aterragens em Londres, Bruxelas e Madrid.
Mais do que motivada, sinto-me inteiramente apta a desempenhar as tarefas que a função exige, de um modo atento e imparcial.
Sem mais, agradeço a atenção e aguardo uma resposta da vossa parte.
Com os melhores cumprimentos,
Carla Veríssimo

16/09/08

Preciso de te escrever.
Escrever de ti. De mim. De ti em mim. Do nós que fomos. Do porquê. Do como. Do onde.
Preciso do quando.
Do quê.
Do para.
Do por.
Escrever-te as linhas do teu corpo no meu.
Escrever os teus beijos. O teu carinho. As tuas carícias.
Faz uns dias que tu em mim. Não sei precisar a hora. Nem da conversa, nem de nós de pé.
Não sei precisar o segundo em que te disse Senta-te aqui. Não sei precisar o instante em que te deitaste para trás e entraste assim na minha casa. Não sei do tic-tac do relógio, quando o tic-tac do músculo do teu braço direito, debaixo da minha cabeça.
Não sei de quando as tuas massagens nas minhas costas, e as tuas mãos atrevidas nas laterais dos meus seios; não sei quando terminaste, nem te baixaste e nos beijámos, de lado, eu de barriga para baixo, tu de barriga para baixo. Tu, em cima de mim.
Não sei precisar a hora disto tudo, mas sei precisar de ti.
Precisar que entres assim na minha vida, como entraste assim na minha casa, e como entraste, assim, em mim……….
Sei precisar de te escrever.
Não páro de pensar em ti, de escrever em ti.
Retenho aquele beijo de despedida, no canto da boca, em que os teus lábios procuraram os meus, num prazer fugidio; retenho os teus sorrisos, os gestos, as expressões faciais, o piscar de olhos, os beijos que me davas, e os que não davas, mas simulavas, naquele gesto sem ninguém mais ver.
Custaram-me a existência dela, a fotografia dela. Custou-me o som de ave nocturna, a cada mensagem; custou-me o porta-chaves do carro com o nome dela; custou-me o anel no teu dedo; custou-me tu e ela, os projectos, as perspectivas, a casa, as férias, …
Retenho as tuas mãos nas minhas coxas, nas minhas costas, os teus lábios e a tua língua no mais íntimo de mim… Esse beijo muito leve, quase só um sopro, na minha virilha...
Retenho os teus cabelos, o teu corpo. Tu nú, embrulhado na toalha, depois do banho. Os teus lábios desenhados, o teu rabo,…
Se pudesse largar tudo. Se pudesses largar tudo.
Sem medos, sem hesitares.
Sem dúvidas.
Retenho o nosso baloiçar na rede.
Reaprendi que a vida são passos dados num caminho de pó, e um dia há pegadas que se cruzam.
Foste um sorriso na minha cara, como não me desenhavam há muito, muito tempo.
Retenho a tua voz. O teu sotaque.
O teu olhar doce, meu doce.
Retenho a loucura das noites, dos impulsos, das cumplicidades, da intimidade.
Pergunto-me Porquê?
Como? Onde? Quando? Quê? Para? Por?
Vou fechar-te um pouco.
Preciso de escrever as linhas do teu corpo no meu.

02/08/08

Discos Pedidos

o Lobo Antunes;
Meias;
Verniz;
Dicionário de Português;
Album de Fotos;
Pinturas;
Calções;
e Amigos!!!
muitos Amigos!!!!

27/07/08

Os Cinco Lados de uma Estrela

Tenho tanto escritos quantas as estrelas que há no Universo.
Tento organizá-los em constelações, galáxias, asterismos,...
Uns textos formam nebulosas, outros enxames abertos. Há escritos como estrelas cadentes, vêm e vão muito rápido.
Há palavras que se desintegram na atmosfera terrestre.
Há prosas que estão prestes a colidir umas com as outras.
Há textos duplos.
Há os que miram ora um lado do Universo, ora o outro.
Estão sempre a girar. A girar.
Como nós. Que nunca caímos, nunca caímos.
Em 24 horas o sol nasce, cresce, envelhece e morre.
E nós sempre lá.
E há uma nova vida amanhã. E amanhã. E depois. E amanhã. E sempre. E sempre. E infinito. E
Universo.
E
no fim?
No fim Somos ESCRITOS.
Matéria.
Gases iluminados, pela estrela que nos gerou.
poeira de uma estrela. Com Cinco Lados.

24/05/08

História (de)vida

Ontem um estagiário de 18 anos que temos cá no Centro disse-me que me viu no Intermarché aos beijos com um gajo.
E eu só lhe disse: IMPOSSÍVEL!
eu? aos beijos com alguém?
Já não sei o que é isso há muito tempo.
(ao que parece deve haver aí alguém com uns cabelos parecidos com os meus, pra ele se ter confundido. e eu nem sequer tinha ido ao intermarché!!!)
Assim, que a minha vida, não tem muito pra contar a não ser trabalho..........
A juntar a esta história, no fim-de-semana passado fui com a minha mãe a uma loja de loiças sanitárias, e era só casais a escolher coisas para a casa.
À saída uma miúda de 3 anos, sem me conhecer de lado algum, e SEM QUE FOSSE EU A METER-ME COM ELA (eu que me meto sempre com todas as crianças), vira-se pra mim do nada e pergunta-me: ''Onde está o teu marido?''

Engoli em seco.
e respondi:
Nao tenho marido.

É claro que ela não acreditou.
As crianças vivem na inocência de achar que os adultos têm todos maridos e mulheres....................


No fim, comprei o gajo a preço de ouro!!!
E agora se o meu marido sabe……….. tou feita!!

Estrias de vida
ou
Histerias de vida!!!

23/02/08

1H07 A.M. (not from Ante Meridium)

o cheiro. o corredor. as paredes. o quarto. as portas. os cd's. a cama. o roupeiro. as cores. o parapeito da janela. o teu sorriso. o primeiro beijo. roupas pelo chão. as nossas mãos entrelaçadas. eu sentada na janela da cozinha. os abraços. as lágrimas. os jantares. a minha barriga e aquelas calças de cintura descaída. tu caidinho. os banhos. o teu cabelo. eu contra a parede do corredor. os nossos pés a tropeçar nas roupas caídas pelo chão. a praia. as fotografias. os vídeos. os brincos. únicos. só meus. o sussurrar ao ouvido. os filmes. os pés. as musicas. a tarde no escritório. uma vontade. um desejo. os teus lábios. os olhos. os dentes. já disse os sorrisos?. os mails. as mensagens. as expressões. a voz. os gestos. o andar. os conselhos. as indicações. os avisos. o chocolate. os livros. o teu nome: A. M.
gosto do teu nome.
já te tinha dito, não?
gosto de o escrever. como se fosse meu.
assinar. em vez de Carla
Veríssimo. assinar A. M. e explicar depois de um ''A Sra tem de assinar conforme o Bilhete de Identidade'', - Ah, sabe, é que gosto de assinar antes assim.
dá-me gozo. Mas desculpe, sim. Pra próxima eu assino A. M. no BI.
eu nua.
o teu cheiro. o teu sabor. o peixe. os passeios. e falta aqui qualquer muita coisa, não falta? algo mais que não me lembro agora. A. M.anh
ã. talvez.

08/02/08

1H02 do novo horário de Inverno, Gafanha da Nazaré (39º29'03,14''N; 9º08'55,99''O), Aveiro, Centro de Portugal.

Uma surpresa, inesperada. Eu que adoro surpresas, mas que acho que os meus amigos nunca me fazem tantas como aquelas que gostaria…

E eu, que adoro fazê-las e me vejo sempre em mais uma, seja por iniciativa própria, seja pela de outros, mas há sempre aquele burburinho, aquela magia, aquele arquitectar,…

Que sinto sempre ‘’ah, os meus amigos nunca me fariam assim, uma coisa destas…’’

E então passo a vida à espera de surpresas, e como tal, é muito mais complicado surpreender-se uma pessoa como eu, que passa a vida à coca.

Enfim, ainda assim, têm-me conseguido fazer algumas surpresas, e louvo-os por isso, não por ter sido um arquitectar difícil, pensado e repensado, imaginado, calculado ao milímetro, mas porque exactamente com a espontaneidade deles, a simplicidade, nas coisas mais pequenas, me proporcionam uma surpresa e momentos tão agradáveis, que talvez nem entendam o quanto são grandes para mim.

E ia eu a falar-vos da última surpresa inesperada. Um convite. Um ‘’faz as malas e partir’’, menos que isso até. Um, ‘’vais assim mesmo, com a roupa que tens no corpo’’, ou ‘’junta só uma muda para amanhã e vamos’’.

E partimos. E tem-se a sensação de bem-estar.

De prazer. De plenitude.

E sente-se ‘’estou rodeada de pessoas boas. Tão boas, que nem devem ter noção, do bem que me fazem sentir’’

E então é por elas, para elas que sinto esta necessidade de vir aqui escrever.

Como uma retribuição, a minha pequena dádiva em gratidão a uma coisa simples, e que elas nem se apercebem (talvez…), que fizeram por mim, para mim.

E sinto que todas elas são íntegras.

Íntegras.

Nunca consigo muito bem explicar-me a mim própria o que é isto do ser íntegro.

Mas sei exactamente o seu significado, quando o sinto. Quando sinto essas pessoas, assim: ÍNTEGRAS.


E depois encontro-me mais uma vez (entre tantas, tantas outras) rodeada de casais. Casais feitos de gente assim: completa, justa, intacta, imparcial, inteira, perfeita, alinhada.

Gente que se encontrou na vida e é feliz junta. Em que se olha e se sente: faz todo o sentido estarem juntos. Faz todo o sentido porque são gente simples, boa, humilde, e disposta a partilhar tudo isto com um outro ser não só disposto a partilhar exactamente o mesmo, como ainda a dar, e a receber,…

E dou por mim a pensar: ‘’Caramba, só eu não estou... junta…’’

E por um lado fico triste e com medo de não ser uma pessoa assim: simples, boa, humilde, … íntegra…

Mas por outro lado, sinto-me preenchida com o amor dos outros, o carinho, a dedicação,… e isso basta-me.

E posso deitar-me sem uns braços para me abraçarem, mas durmo bem.

E com isto fiquei sem escrita.

Tenho os pés frios, estou constipada.

Coisas simples.

Vou dormir para acordar mais íntegra amanhã.

CV, 28/10/2007, Aniversário de 28 anos do RL, a 27/10/07



P.S.: a tudo isto, e depois de tudo isto: os meus amigos... fazem muito por mim... só não fazem mais porque não podem... eu é que sou a estupidamente insatisfeita...

perdoem-me.....


07/02/08

Quero beijar-te.

Quero fazer amor contigo.

Quero ser a tua namorada.

E ao mesmo tempo gostava de NÃO QUERER tudo isto.

Mas se tu quisesses… Se tu quisesses…

Se tivesses os mesmos desejos, os mesmos impulsos…

E porque comecei a sentir-me assim, tão de repente… outra vez… mas sempre tão de repente… talvez o possa evitar, agora que ainda está no início… mas não sei se consigo. Não sei se quero…

Passando à frente

nao passes...

quero beijar-te.......

tique

clic
dei enter
e nao sei se podia. se devia

tenho os dedos em cima do teclado e quero escrever tanta coisa..
mas hesito...
e nao escrevo,... e fico só a apalpar o teclado...

05/02/08

Em construção...

A minha mulher tem um sinal na barriga. 4 dedos abaixo do umbigo, e um pouco para a direita. Na perspectiva dela.

Tem um pêlo um dedo abaixo do umbigo. No mesmo alinhamento. Nem mais para a direita, nem mais para a esquerda.

Tem um outro sinal castanho na face esquerda. É bonito. Não é daqueles pequeninos, sem grande piada, mas também não é grande, daqueles exagerados. Tem um tamanho ideal. Tem mais uns quantos a rodeá-lo.

Conheço os sinais todos do corpo dela. Os sinais. Os sorrisos. Os olhares.

Tem 3 sinais na virilha direita. Um deles apareceu há uns dias. Não me lembro de o ver ali…

Tem um sinal carnudo, mas de tamanho médio, ao cimo das costas. Às vezes acho que o devia mostrar ao médico.

Tem um sorriso quando gosta realmente de alguma coisa. Outro, mais leve, a tentar mostrar que gosta, …

Tem um olhar quando tem medo, outro de altivez, …

Tantas peculiaridades por descrever…

Rodrigo Guedes de Carvalho, in A Casa Quieta.

… poderiam já ter inventado, entre tantas coisas de que se lembram, maneira de decidirem por ele, (…)

Para mulher que se sente mal prima asterisco (…)

Para irmão novamente internado prima cardinal


http://bloguivro.blogspot.com/

03/02/08

Tirem-me a vista,

Tirem-me para sempre a luz de Lisboa.

Tirem-me as encostas do douro, o Tejo e o Alentejo.

Tirem-me a calçada dos passeios e os azulejos da parede.

Tirem-me o ouvido,

Tirem-me para sempre o choro da guitarra e o pranto do fadista.

Tirem-me os pregões das mulheres do bulhão e a pronúncia do norte a sul.

Tirem-me a fúria de espuma das ondas e o grito do golo.

Tirem-me o tacto,

Tirem-me para sempre o sol de inverno a bater na cara.

Tirem-me o barro a ganhar forma entre os dedos.

Tirem-me o rosto queimado da minha mãe e a mão áspera do meu pai.

Tirem-me tudo isto, mas não me tirem o gosto,

Porque se eu ainda for capaz de saborear a alheira a rebentar de sabor,

Ou o bacalhau com todos a nadar em azeite,

Serei capaz de dizer, se não me tirarem a fala,

Que estou em Portugal

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Fly Awards
A iniciativa deste Fly_Awards vem de
......
Esta distinção foi-me carinhosamente atribuída por
A quem agradeço a amizade ....
.......
Nomeações:
E pelo meu reconhecimento do esforço, trabalho, e arte, nomeio:



30/01/08

i29.01.08e

Eu queria escrever algo tão simbólico, tão forte, tão denso, tão profundo, … tão tanto do que trouxe comigo, naquela noite.

Queria que houvesse uma tecla onde carregar para andar para trás. Poder ouvir tudo novamente. Falar tudo novamente. Partilhar. Novamente, com a mesma simbologia, força, densidade, profundidade…

Se há momentos únicos, aquele foi um deles.

Se há palavras únicas, foram aquelas.

Se há pessoas como ele, ……………. Há MOME NTOS ÚNICOS.

**

E ficou uma escrita pobre… e vaga aos olhos de meros transeuntes, …

Mas já me deixei de preocupar com esses…

Eu queria escrever algo tão simbólico, e na incapacidade de o fazer, deixo apenas o som das minhas teclas.

Taque.

e a subtileza das letras.

Tique.

13/01/08










Mais que um blogue, uma Arte!