- não gosto deste tipo. é muito penteadinho. é muito lindinho. tá sempre rodeado de gajas, não sabe o que quer; dá a muitas o seu pouco. é muito branco, sem sabor.
- gosto daquele grande, de cabelo grande. é fotógrafo.
gosto da rapariga gorda com o Swatch; cheira a coco; vim atrás dela na rua. apetecia-me dizer-lhe "obrigado pelo teu cheirinho a coco", mas ela ia olhar para mim assim....
- olha, gosto daquela ruiva; trabalha numa galeria, é uma pessoa de cara limpa.
- eu não sou nenhum juíz, estou só a exercer o meu poder: julgar o gosto...
-- como é que te chamas?
- Alberto Vilanua.
-- Vilanua é tudo junto?
- sim, Vilanua. (Viladespida)
- Alberto, também é tudo junto!
- a ruiva é toda colorida nas roupas; já o cabelo é colorido.
- há os sem coragem... como nós há mais pessoas que vêm aqui para observar.
- também me pergunto o que venho aqui fazer. venho ver-me nos outros; venho ser olhado...
- há pessoas com olhar completamente despojado; não consegues discernir se estão a criticar-te, ou simplesmente a olhar... nem sequer querem saber a cor da tua camisola, nem nada.
- nós julgamos sempre por comparação; é comum dizer "aquele gajo é feio", só para nos sentirmos melhor.
- olha, mas pára de escrever o que eu digo. vamos só conversar.
(...)
- o Luís tem uma irmã muito bonita, de lábio fino, feições finas, baixinha...
(...)
Eu e o Alberto, dirigiamo-nos à saída, quando o empregado do café me chamou para pagar a bebida que tinha pedido. Voltei para trás e quando saí finalmente, o Alberto tinha desaparecido... deixara de estar junto...
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