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09/12/08

O texto que se segue é baseado em factos: Tristes.

Tristes, porque Verídicos.

Vamos chamar-lhe Rui.
Mas podia ser Ricardo, André, Nuno, Paulo, João, Sérgio, Luís, Pedro, Bruno,…
Rui conduzia o carro. Alexandra ia ao seu lado.
Vamos chamar-lhe Alexandra.
Mas podia ser Marisa, Andreia, Jacinta, Raquel, Verónica, Rita,…
Rui e Alexandra tinham deixado o filho de 4 anos em casa dos pais dele.
Não vamos chamar-lhe nome algum.
Podia ser todos os nomes.
Rui e Alexandra conversavam acerca da casa nova, para onde iam mudar já no próximo fim-de-semana.
- Como vamos fazer as mudanças?
- O melhor seria alugar uma carrinha e levávamos tudo de uma vez, não achas?
- Estou desejosa de ver a biblioteca montada!

Rui tinha acabado de sorrir para a Alexandra, quando vê um carro vir em direcção a eles.
Só tem tempo de dizer:
- E agora o que é que eu faço?

Alexandra acordou no hospital.
Tinha um braço partido e os médicos preparavam-se para operá-la, quando lhe disseram:
- O seu marido morreu no acidente.

Rui tivera morte imediata.
Os dois carros chocaram frente a frente. Condutor com condutor.
Os passageiros do outro carro não sofreram quaisquer lesões.
A polícia ainda não chegou a conclusões acerca de como tudo terá acontecido.

Imaginamos o desespero de Alexandra, a raiva, a tristeza, a incompreensão e todo um rol de sentimentos a que não vamos chamar nomes, por não sermos a própria Alexandra.
Chamamos-lhe Alexandra, mas podia ser Marisa, Andreia, Jacinta, Raquel, Verónica, Rita.
Imaginamos o filho deles….
O filho tem 4 anos. Mas podia ter 8, 20, 40.
Imaginamos os pais dele….
Mas podiam ser os pais dela.

Chamámos-lhe Rui.
Mas podia ser Ricardo, André, Nuno, Paulo, João, Sérgio, Luís, Pedro, Bruno,…

Este Natal:
Vão, mas voltem todos vivos!