Carla Veríssimo cria site para se dar a conhecer e ao seu trabalho.

Carla Veríssimo cria site para se dar a conhecer e ao seu trabalho| http://cavverissimo.wix.com/carlaverissimo

01/06/12

Estavas ali, à distância de me levantar do banco e dar 4 passos até ao balcão.
Antigamente, os homens que se enamoravam das raparigas, tinham de conseguir chegar às suas janelas! primeiro, e às suas famílias depois! Aí residia o "catrapiscar", "engatar", andar atrás, conquistar...
Hoje em dia, não temos essas barreiras físicas, e parece-me que as distâncias de um banco, 4 passos e um balcão ganharam a dimensão de um pai que não nos vai dar a sua filha em casamento.
Estavas ali, a essa distância, física, tão pequena, e eu nem um:
Quando é que voltas às fotocópias?
Podemos tomar um café.
ou
O que queres beber? Pago eu!
ou
Em que balcão é possível encontrar-te sem ser neste?
ou
O que fazes amanhã? Queres ir dar um passeio? Preferes na praia ou na montanha? Mergulhar?
qualquer coisa.
Qualquer coisa que não tive coragem. Que temi a resposta, e que agora me inquieta à distância de uma toalha estendida na areia e não saber quantos passos são até esse lado de lá, onde estarás.




18/04/12

Para a avó

AVISO: Este texto não é ficção. Infelizmente é real. Bem real. À família, desejo força para o ler, porque creio que apesar de triste, bem triste, traz também muitas das nossas lembranças, alegrias e momentos. E por isso, passo a publicá-lo aqui: hoje, dia 18 de Abril, dia em que a avó faria anos. Como uma homenagem. Como um desabafo, há muito cá dentro e com muita vontade de sair.
Aos 18 de Abril nasceu também Antero de Quental, escritor e poeta de Ponta Delgada.
Aqui fica a minha escrita e poesia, sentida não só em Ponta Delgada, como em todas as ilhas dos Açores, onde vivo, há 2 anos e 2 meses.
Como poderão ver, o texto que se segue, demorou 3 anos a escrever e não está acabado. Não estará acabado nunca. Começou em Junho de 2009, terminou em Outubro de 2010, e além dos retoque do hoje, continua vivo não só agora em 2012, como sempre.
Aos que o lerem: Força e coragem.
A neta mais velha... de sua avó.

07.06.09:
Se ela soubesse que morreu a 13 de Maio até ficava feliz.
A avó Luísa. Sim, devota como era, com as suas rezas na cozinha, mais pelos outros que por ela, até ficava feliz.
Às vezes sinto que fez de propósito. Que escolheu aquele dia de propósito.
Que será agora da criança que caiu na albarda da burra, enquanto a avó Luísa, distraída, continuava a puxar?
Às vezes acho tão impossível ter caído de uma burra abaixo e no meio do azar, ter a sorte de cair dentro da albarda, de pernas para o ar é certo, mas cair e ficar viva, que me deveria ter certificado da veracidade do episódio com a avó.
Agora acho tão impossível não existir a avó para lhe perguntar tudo isto...
17.06.09:
Num dia falei com ela ao telefone e no outro estava morta.
Num dia ela sabia que a filha iria completar 50 anos nesse sábado, sabia da festa surpresa que as netas estavam a preparar à mãe, sabia do cabrito, do pão, dos queijos, do prato a mais que tinha de pôr na mesa ao jantar do dia seguinte, para a neta que iria dormir lá a casa.
Num dia sabia de tudo isto e no dia seguinte estava morta, e o conhecimento dela parou ali.
O que ela sabia ficou ali, naquele dia. Congelado.
É como se a história pudesse continuar a partir daquele ponto, se ela agora voltasse a ter vida.
Foi ali que ela parou.
Naquelas informações todas. Naquela realidade.
E o que a neta sente, surge agora desconexado.
Ora lembranças do passado, de um passado distante, que já tinha morrido mesmo antes da avó. Muito antes da avó; ora de um presente que não queria ver.
A neta que não consegue chorar e que julga que é isso que as pessoas chamam “ser forte”. Mas será mesmo?
A avó Luísa.
O que é, do que foi a avó Luísa?
O que é da mulher que teve 10 filhos?
Da mulher que lavava roupa à mão?
Da avó que se arreliava quando lhe dizia: Oh avó, se calhar tá grávida do 11º filho!, ao que me respondia: Tá calada, antes que leves um estalo na puta da tromba!, ela que até não era mal criada.
Aliás, era uma boa criada, isso sim! Do avô, dos filhos e dos netos!
Ela que rezava pelo avô, em vez de rezar por ela mesma.
Ela toda bruxas e enguiços e terços e bíblias.
Ela nas suas saias.
Vêm-me em catadupa imagens da sua cara, do corpo, das vestes, do cheiro, das posições, das falas,... voceses isto, voceses aquilo...
E se eu ligar agora para o telemóvel dela, quem vai atender?
Se ela parou naquele dia?
20.07.09:
A avó Luísa não morreu.
A avó Luísa ficou retida lá atrás.
No tempo.
No Monte.
Na Lanchita.
Entre o trabucar de tachos e panelas desde as 6 da manhã até ser noite.
Nos pombos, no horto, na água que ia buscar ao poço.
Essa avó não morreu.
Essa avó está no estendal da roupa, entre molas caídas e ceroulas do avô.
A avó Luísa está la atrás, na casa das loiças, dos lençóis, da roupa das tias, das selas dos cavalos, das arcas,...
A abrir uma cancela, a passar a roupa com o ferro de brasas...
A atravessar a sala enorme, para fazer voltar a mexer o pêndulo, daquele relógio de corda, em que o tempo era outro, tão outro, mas todas as horas tocavam.
Foi em catadupa a notícia triste...
A minha semana de cansaço e angústia, os meus pressentimentos.
Depois o telefonema do meu tio. E eu na inocência de achar que iria dizer não poder ir à festa surpresa da minha mãe. E do outro lado a voz dele entre lágrimas.
Foi a avó... Carla...A Avó...
a avó morreu...
e eu incrédula. E eu a dizer-lhe que estava a gozar comigo. Que só podia estar a gozar. E eu a puxar os meus cabelos com toda a força e a gritar, a gritar.
A gritar e a andar de um lado para o outro, por entre os colegas de trabalho.
Eu a chorar.
Eu numa outra realidade.
Incrédula.
Acima de tudo: INCRÉDULA.
27.09.09:
Eu no “lugar do morto” no meu carro, porque não estava capaz de conduzir.
O meu tio em lágrimas...
31.08.09:
Eu a agarrar nas malas à pressa. As malas que já estavam preparadas para ir de fim-de-semana, mas para festejar os 50 anos da minha mãe. Com toda a família. Com a avó...
Eu a entrar para o carro de um amigo do meu tio.
O meu tio no “lugar do morto”. O amigo a conduzir.
Tudo muito estranho....
muito surreal. SURREAL.
É ISSO.
08.09.09:
Chegámos à Casa Mortuária. Várias pessoas da família... Amigos da família...
O carro funerário...
Tudo para a avó....
Pela minha avó Luísa...
Incrédulo
Inacreditável
Surreal
Estranho
Bizarro...
Entro na sala e o caixão ao fundo...
Não é ela...
Não é a avó..., dizia eu para os meus primos.
10.10.09:
É. É a avó, dizia um deles enquanto me abraçava.
Ele com lágrimas nos olhos. Eu sem conseguir chorar muito...
Atravessei a sala toda. Ao fundo, em frente, o caixão. Não me detive muito tempo a olhar, embora estivesse a um braço de distância dele.
Retive um fato vestido que não gostava nada, que era um fato muito pesado... o tecido era pesado... as rugas do tecido... a cor.... uma espécie de verde que não é seco, não é tropa, simplesmente NÃO É!
Aquele fato pesado para aquela ocasião pesada....
E o corpo dela orientado com a cabeça para a porta de saída, em vez de estar como se fosse virada para as pessoas, para a rua. Não sei se há alguma regra religiosa para aqueles posicionamentos, mas aquela não me agradou... Estava fora do sítio.
Entretanto a senhora da agência funerária pede-me o nome e a idade dos 10 filhos para colocar na Certidão de Óbito.
Começo por dizer o nome da minha mãe e a idade, 50 anos (quando me apercebo que na realidade, naquele dia, a minha mãe ainda só tinha 49... estava a 3 dias de fazer os 50...)
Entretanto, eu e o avô no mesmo carro que a avó.
Nós no banco de trás, e a avó ainda mais atrás, rodeada de flores, muitas flores.
14.04.10:
Não me fazia impressão ir ali dentro. Estranhamente não fazia.
Não me fazia impressão pensar que a avó ia lá atrás, deitada dentro de um caixão. Não fazia.
Nada me fazia impressão porque tudo parecia tão irreal.
Tão estúpido.
Tão absurdo.
Quando começou a escurecer, reparei numa luz lá atrás, junto da avó, e aquilo sim, fez-me impressão. Perguntei se tinha mesmo de ir acesa... deram-me a entender que era em sinal de respeito... mas voltei a insistir e a explicar que aquilo sim, me estava a fazer impressão.
A luz apagou-se. E só voltou a acender-se depois de eu ocupar outro carro, e uma das tias, o meu lugar.
Era já tarde quando chegámos ao destino final. Eu pensava na minha mãe... como estaria devastada...
Ela rodeada de gente a tentar consolá-la, mas ela a soluçar de dor, tristeza e acima de tudo RAIVA.
RAIVA, é o que se sente.
Raiva. Revolta.
E eu, nem a ver a minha mãe naquele estado conseguia chorar.
Eu não chorava.
Eu continuava a achar que aquilo tudo só podia ser brincadeira.
Que alguém estaria a gozar connosco.
(No dia 14.04 um dos meus tios faz anos, o que quer dizer que há 39 anos atrás a avó Luísa estava a dar à luz......)
26.04.10:
Dormimos, e só no dia seguinte, consigo soluçar um choro...
E depois a Missa, a Igreja, e o caixão da avó, com a avó, ali pousado, fechado.
O padre a perguntar quem queria fazer uma leitura e eu a oferecer-me logo.
E sabem, arrependo-me até hoje de não ter interrompido aquela leitura pré-definida para fazer ouvir aos presentes, quem foi a minha avó.
Isso sim, seria uma Missa. Uma última homenagem, se é que há últimas homenagens, pois falar do que uma pessoa fez e foi na vida devia ser feito à própria pessoa, quando ainda está viva.
Arrependo-me de não ter dito como a avó atendia o telefone, com aquele “táaaaaaaaaaaa”, muito prolongado, de como nós saltávamos nas camas, ríamos, falávamos e ela sempre a mandar-nos calar, que não ouvia o que lhe diziam do outro lado da linha!; contar das comidas que fazia, das roupas que lavava, das brasas acesas para o ferro de engomar...
Porque não posso ter outra vez essa avó??
E todos esses tempos no Monte?
Estou a escrever este texto há quase um ano... porque me custa tanto...
Custa-me hoje pensar que há um ano atrás ela não sabia, nós não sabíamos, que em 17 dias ela iria morrer.
Este limite custa muito.
Custa-me esta paragem do tempo. Do conhecimento. Da sensação.
Da vida.
Assim como a infância, as minhas recordações dos tempos no Monte são as melhores da minha vida.
Podíamos ir outra vez buscar água ao poço, podias, avó, andar outra vez com os tachos na mão, entre a casa do forno e a cozinha, podíamos ir outra vez fazer o avio aos sábados, podias outra vez chamar-me oh filha, podia ouvir a tua voz outra vez, … podias outra vez ver as novelas depois do almoço, podias outra vez toda uma vida, cheia de força, coragem e trabalho.
Podia continuar por mais um ano a escrever este texto.
Pensei que no cemitério ia ter coragem para me aproximar do caixão, a minha mãe também equacionou, mas não conseguimos. Alguns dos filhos a beijar a avó pela última vez, mas nós não fomos capazes.
E não julgo que isso seja importante. Porque não era essa a minha avó.
A minha avó ficou parada lá trás... no dia 13 de Maio de 2009.
Ao telefone comigo no dia anterior... do outro lado da linha.
01.06.10:
Texto para sempre inacabado e/ou em construção, porque a avó não terá alguma vez uma letra final.
04.09.10:
E se hoje me apetecesse ligar à minha avó Luísa?
Contar-lhe como estou, o que faço, saber do que faz, onde está...
E não é preciso ligar-lhe porque ela está aqui, aí, em todo o lado...
E questiono-me se hei-de chorar.
E questiono-me se isto deve ser uma questão.
Porque não interessa nada se choro ou não. O que interessa é que hoje me apetecia tanto falar com a minha avó.
Ouvi-la...
Ouvi-la...
Consigo ouvir a voz dela na minha cabeça...
Consigo até imaginar o que falaríamos ao telefone...
Mas isso não me basta.
E basta-me que a avó não esteja aqui, para que o hoje não seja o que me apetecia.
12 e 13.10.10:
Tenho muitas saudades da avó.
O cheiro a terra seca.
O árido das pastagens.
As cercas, os muros, os arames farpados. As vacas, os cavalos, cabras, galinhas, pombos,...
Andar no pasto, no monte, no campo tem disto.
Santa Maria recorda-me os dias quentes do Alentejo, as noites estreladas em frente à porta. Os candeeiros a petróleo, a mesa da cozinha.
A banca onde todos gostávamos de nos sentar. O jantar a meia luz, a avó já cansada das panelas das 6 da manhã, dos tios, do avô, dos netos, da casa do forno,... a dormitar de braço em cima da mesa e cabeça em cima do braço.
Tenho mesmo saudades da minha avó. E então, o que é que faço com isso??
Cresci no campo e agora trabalho no campo. As mais pequenas coisas, neste momento, fazem-me recordar a minha juventude. A avó, o Monte, o dia-a-dia nos meses de Verão.
E não adianta pôr por palavras que em São Jorge, na Graciosa ou no Faial, uma vaca, uma ovelha, uma pastagem, uma cerca, o verde, a terra, as galinhas, me fazem recordar a minha avó.
Isso não se põe por palavras.
Isso sente-se.
Ficou cá dentro. Como ficou a avó. E ficou cá dentro de uma forma que na altura não percebi, e agora está a vir ao de cima.
E agora tenho muitas saudades da minha avó e não sei o que fazer com elas.
Mas se ela me gritasse para lhe ir apanhar a roupa que vai começar a chover, para ir buscar água ao poço, para ir encerrar as galinhas, ou pra lhe abrir o postigo, eu ia a correr, e nem refilava!
O relógio da minha avó parou a 13 de Maio de 2009.
O pêndulo ficou lá atrás, e a roupa vai ficar Para Sempre, por pendurar

18.04.12
A avó Luísa não morreu. Está só fora do sítio. Ficou retida lá atrás.
E se eu hoje fosse ler na Missa da avó, seriam estas palavras que a minha voz faria ecoar, porque a avó ficou cá dentro.

16/04/12

A vida, contada assim à minha sobrinha

Ainda não ouvi o teu primeiro choro e já te quero falar do espernear que terás pela frente.
Ainda nem sei se serás princesa, fada, cinderela, soldadinho, pinóquio ou anão.
Ainda não te conheço e já tenho para ti todos os nomes bonitos do meu mundo: Alice, Olivia, Maria Clara, Amélia, Benedita, Eduarda, Maria Flora, Amália,...
Gil, Francisco, Gustavo, Joaquim, Francisco Gil, Pedro Gil,...

Só daqui a alguns anos poderás entender esta história, ou pelo menos lê-la... já que isto da vida são apenas 3 parágrafos: nascer, crescer e morrer.
Ponto final parágrafo. É mesmo assim. Frio. Curto. arrebatador.

Já as linhas de cada um deles, desses parágrafos, podem ter tantas palavras como as estrelas que há no céu.
E se fizermos brilhar forte cada uma delas, deixaremos certamente o nosso pó no universo.
A tua pele, o teu olhar, a expressão de todos nós, teus antepassados, em ti...
Os risos, os gritos, as birras, os saltos, as fomes, as noites, as falas,... Serão essas as tuas marcas. As páginas do livro que hás-de escrever... das histórias, afinal tão tuas, que afinal nós, poderemos ler.
Fim!... Do 1º capítulo!

Texto escrito a 31.01.2012 e publicado a 16.04.2012, quando soube que afinal serás fada, cinderela e princesa! ;)

23/03/12

Descalças fazem performance do texto: Muda de sexo!

Perdi o meu Bilhete de Identidade há uns tempos.
Castro Verde é dos sítios do País onde já se faz o Cartão do Cidadão (antigo CU).
A senhora introduziu todos os dados da minha identidade no computador. No fim, imprimiu uma folha e pediu-me para conferir se estava tudo bem.
Eis senão quando, leio: Carla Alexandra Vitorino Veríssimo, nascida a 11/08/79, sexo MASCULINO!!!!!
Disse-lhe que aquela "parte" estava mal.... Eu não tinha, nem tenho dessas "partes".
Ela, muito pasmada , disse-me: Ó menina, mas eu não lhe mexi no sexo!
E eu pensei: Ainda bem....
Ainda assim, intrigada, voltou a verificar os dados no computador. Refez tudo novamente, mas o sistema insistia que eu - Carla Alexandra Vitorino Veríssimo, natural de Leiria, blábláblá -, sou do sexo MASCULINO!!!
Ligou para o Apoio, que lhe disse que eu estou registada na Justiça Portuguesa como sendo do sexo MASCULINO!!!!!!!!
Aí é que fiquei com cara de CU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Sexo: Masculino!!!!!!!!
Onde??
Que não sinto nada....
Nem uma comichãozita nos tomates....
NADA!!!
Já todas as comadres e compadres lá presentes se riam. A senhora ainda me perguntava Não mudou de sexo pois não?
- Não! Não quer que me dispa aqui agora, à frente de toda a gente, pois não? Eu saio ao pai, mas nem tanto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
- Oh, menina, é que agora vou ter de lhe mudar o sexo. Não se importa, pois não? Peço imensa desculpa.
- Oh, minha senhora, insira aí o meu sexo FEMININO no computador!!!
Antes que eu exiga ser do sexo FEMININA!!!, já agora!!!

E lá paguei 12 euros, não pela Alteração de Sexo, mas pelo CU, que agora é CC!!
De CU para CC, é mais ou menos como Carla Alexandra Vitorino Veríssimo, que era Macho e agora é Fêmea!!!
Bela Justiça a que temos!!!
A sorte é que foi rápido e não doeu nada, esta Operação!!!

21/03/12

Dia Mundial da Poesia

Entrei. Como quem vai comprar sardinhas, sei lá.
Entrei e dei de caras com uma mini-feira do livro. Quer dizer, um quadrado de estantes com livros voltados para todos os pontos cardeais.
Dei uma volta à bússola, apenas para manter o vício de ver livros e na esperança que algum tivesse um íman para os meus olhos, para as minhas mãos.
Entrei, mas o que não esperava era reencontrar o teu sorriso, e com ele ver a minha agulha desmagnetizar. E com ele, a minha barriga nas costas. Bem lá atrás.
Peguei-te novamente. Desfolhei fotos antigas, bem antigas. Fiquei folha atrás, página à frente, naquelas recordações, e é então que estabilizo o meu compasso, no teu olhar. E é então que junto o meu sorriso ao teu, e com esse "Aproveitem a vida" na mão e o meu cachecol Feio ao pescoço, sorrio para a máquina ;)

08/03/12

AL-Gures em 2008

Desacordo ortográfico

Deixei a discussão da Mariana e do Salvador, na Casa Quieta; deixei a Teresa e o Tomás, na Insustentável Leveza do Ser; deixei a burra, a Ana, e o velho Durico, na Cal; deixei o Eric Clapton, na História do Mundo em Nove Guitarras; e deixei ainda a dona maria e o seu marido, num orgasmo sonoro a duas vozes, em Variações Tangenciais.
Deixei-os a todos e pus-me a escrever o que gostaria que alguém deixasse dentro de uma obra ((de)terminada) (prima), desses jovens criadores.
Escritores
Escriadores
Escridores
Escriatores

E foi assim que deixei também de brincar com as palavras. Que as palavras são coisa séria. Pronto final.
Para agrafo.
Trave São.

A escrita não é senão uma obra de arte. E tomo a liberdade de fazer desta arte a minha obra.
Sem acordos ortográficos.
sem as regras que outros querem impor.
A regra impõe-na o texto, fá-la o bico do lápis, a minha mão toda. Nem sequer o meu cérebro, a minha razão.
Farei da liberdade – a minha: arte de expressão.
Com sentimento
Consentimento
Comsentimento

Arte livre.
Em que só há um acordo.
Um acordo com a minha ortografia, que se quer fazer a ela própria em desacordo.
Des(acordo)
Acórdo
Acôrdo

Sem querer saber das metáforas, dos pleonasmos, das redundâncias, dos acentos, da entoação, do contexto.
Não sei pintar senão letras. Esboços a lápis de carvão, depois impregnados por uma tinta electrónica de máquinas que substituem dedos, e mãos inteiras de palavras.
Pala
A lavra
(P)a(lavra)

Sinto a escrita portuguesa, ou pelo menos, os jovens escritores, a enveredar por caminhos paralelos. E como paralelos: cruzam-se no infinito. No infinito de símbolos, negritos, itálicos, tamanhos 8, 14, triângulos, quadrados, asteriscos, cardinais, reticências
Infinitos de fazer das palavras mais do que meros aglomerados de letras, que aborrecem as mais fúteis e preguiçosas das gentes.
Formas mil de ser 1000 original, de inventar mais, de fazer mais um trocadilho, criar mais uma expressão, ser o primeiro espermatozóide a fecundar o óvulo, e que ri com ar de gozo, a saber que os seus companheiros, por mais que esperneiem não chegam lá. Por mais que se flagelem não furam. Por mais que percam a cabeça, não entram!
Infinitos de estórias entrelaçadas e frases de fazer pensar. De fazer pensar lê-las em voz alta. E repeti-las. Repeti-las. Repeti-las. Vezes e vezes sem conta, sem contar as vezes sem conta.
Formas 1000 de(s)fazer das palavras esta arte e dar-lhes vida.
movida
vida movida
(mo)vida
 
gosto de comboios que não tem raça de homens… descarrilados.
Apetece-me estoricar. Cheira a gente. Sabe a sexo.

Pronto final. Para agrafo. Trave São.

07/03/12

Desde Janeiro de 2012 que tenho uma vida dupla.
A entidade para a qual trabalho decidiu aderir ao Novo Acordo Ortográfico, mas eu não.
Eu, enquanto pessoa, pessoal e singular.
Portanto, de segunda a sexta, das 9 às 19 terei de ceifar consoantes, acentos, traços e tracinhos, e quando chegar a casa, janto a minha sopa de letras e volto a colocar cada uma na sua palavra.
Palavra de honra! com h!

04/03/12

Arco-Íris | Disco Voador | Clã

há meninas em rebanho
e há bandos de rapazes
elas são sossegadinhas
eles devem ser audazes

dizes tu que não condizem
cor de rosa e azul celeste
cada sexo em seu lugar
foi assim que me fizeste

mas então por que razão
ainda vês com maus olhos
o homem que ama outro homem
a mulher que ama a mulher

se os separas à nascença
e fazes tanta questão
de manter a diferença
entre a irmã e o irmão

viva a maria rapaz
e o rapaz que não é peste
viva a roupa que baralha
o sexo de quem a veste

viva todo o arco-íris
e a cor que se mistura
sete quintas, meias tintas,
viva a fúria e a doçura

não me voltes a dizer
que as crianças a crescer
precisam de copiar
o papá e a mamã

deixa ser eu a escolher
por quem me perco e me dano
porque eu amo a minha irmã
e amo também o meu mano...

será que nunca sentiste
que somos pó de universo
sujeitos à atracção
do que é igual e diverso
e será que não gravitas
à volta de quem te ama?
use vestido ou gravata
borboleta busca chama...

amar sem olhar a quem
nem ao sexo nem à cor
não é vício nem pecado
não é mal nem mau olhado

amar sem medo ou vergonha
amar a torto e a direito
amar sem manha nem ronha
não é tara nem defeito

amar sem olhar a quem
não é tara nem defeito
amar sem olhar a quem
amar a torto e a direito

23/02/12

Ele morreu com ELA. Foi e será Zeca Sempre

Zeca Sempre é um projecto de homenagem a José Afonso, nas vozes magníficas de Olavo Bilac, Nuno Guerreiro, Tozé Santos e Vitor Silva.

Venham mais cinco, índios da meia praia, que o amor não me engana, e num redondo vocábulo, o que faz falta, são vampiros de Coimbra, no lago do breu!


http://www.zecasempre.com

Styling do projecto musical Zeca Sempre: Bárbara González Feio

22/02/12

Para as Descalças

Foram precisos 2 anos para chegar aqui.
A um lugar cheio de lugares, onde, tal como as crianças, sou impelida a mexer em tudo; onde tenho medo que cheguem os grandes, a ralhar-me com um "isso não se faz!"; onde de imediato, mas só no fim de mexer em tudo e olhar atentamente os pormenores, agarro uma folha de uma mesa, um lápis de uma caixa (como se estivessem ali este tempo todo, à espera que eu chegasse) e começo a escrever, a descalçar este lugar cheio de gentes deambulantes, que sem jamais me terem visto, me oferecem sorrisos sinceros. Tão sinceros, tão meigos, tão bonitos.
Quero tirar os sapatos. Aliás, mesmo antes de entrar aqui, já os queria tirar, ora porque os meus pés estão neles frios o dia inteiro, ora porque sinto que me pedem liberdade.
Devolvo-lhes esse bem estar.
Ainda não parti e já me apetece voltar.
Como pude viver 2 anos sem conhecer este lugar?
Paro de escrever e ponho-me a abrir mesas e gavetas; tiro postais e cartões, guardo-os na mão, para que os grandes, se vierem, não pensem que estou a roubar.
Vou arrancando um pedaço de cera que há na madeira em que escrevo; esta cadeira pequenina atrás de mim, pendurada na parede, esta bicicleta com um tampo de vidro, este quadro de ardósia preta, cheio de palavras brancas de giz.
Estou descalça, e penduro-te nesta mola amarela em forma de pé...
                                                                         descalço.

 
(Descalças é uma Cooperativa Cultural que actua no âmbito da criação artística, da produção, divulgação e formação culturais, principalmente nas áreas musical e teatral, tendo como principal missão cooperar para o desenvolvimento e intervir social e solidariamente. Saiba mais em: http://www.descalcas.blogspot.com).

23/01/12

Em dois tempos

Ter poucos amigos pode significar que se tem a maturidade necessária de uma pessoa de 30 e tal anos.
Não sei quem é que inventou esse conceito de que temos de andar a prostituir um sorriso, que, sendo uma tão importante parte de nós, deveria apenas ser utilizado para um número muito reduzido de pessoas.
Aos 20 fazíamos jantares com 20 pessoas. Aos 25 com 10 e aos 30 com 5.
Crescer passa também, por elevarmos a fasquia e por isso mesmo passamos a ser mais criteriosos. Passamos a deixar de ter paciência para aturar pessoas com 30 e tal que têm atitudes de adolescentes de 15.
Não é fácil gerir um jardim de infância, quando o que vemos são... adultos... ou pessoas crescidas, dizem-se elas!
Ter poucos amigos é passar a sorrir com outro olhar...
Ricardo Machado e Carla Veríssimo

05/09/11

Projecto Pedaços

Saia em busca do que os outros perderam, ora propositadamente, ora sem querer.
Recolha o mais que puder.
Entre talheres, pratos de loiça antiga, ossos, madeiras, telhas, pedras, paus, quadros, lápis e outras tantas infinidades de apetrechos, coloque-os em sua casa e pense quantas bocas se abriram àquele garfo, quantas mãos de vizavós lavaram aqueles pratos, quantos animais morreram, quantas árvores caíram, quantas casas foram construídas, quantos vulcões entraram em erupção, quantos galhos foram quebrados, quantas telas foram pintadas, quantos textos foram escritos e quantos outros tantos infinitos universos... feitos de pedaços... feitos de todos nós, ... neste Projecto sem fim

(Para El Caçador)

18/08/11

António Feio. Um ano depois.

Era Outubro e havia relógios.
Era o frio e havia aquele Vendedor.
Havias tu e o teu sorriso.
Havia o teu chapéu.
O teu olhar profundo.
Havias tu: Lindo. António, Lindo!
O Vendedor ficou e eu parti.
E veio Dezembro e as ilhas.
Na viagem aterrou uma paixão antiga. As portas de "engate" já estavam abertas e foi só levantar voo.
Tu sempre de um lado para o outro, comigo...
Eu com palavras públicas para ti.
Tu um nome de rua.
Tu livros e revistas e filhos e amores e histórias e tretas.
Era Janeiro e Fevereiro e depois Maio e eu hospitais e doenças e doentes.
A paixão antiga a falhar. A média da Colecção a subir.
Tu bem guardado numa estante. Sossegado de mais há muito tempo.
Sem o meu olhar no teu. Sem o teu sorriso para o meu.
É Agosto e já vou tarde para um Parabéns a 29 de Julho.
Tu partiste e eu fiquei.
Há saudade e eu tenho uma vontade imensa de comprar um chapéu!
Vêm as ilhas de novo. E desta vez não te trouxe comigo...Mas hei-de voltar só para te ler outra vez. E nessa altura, hei-de saber o que fazer a seguir.

03/12/10

Conselhos para quem procura emprego, trabalho, um tacho ou etc!!

Quem é que mete “etc” num currículo?
Só se for gente que não gosta de trabalhar!!!, e está mesmo é à procura de tachos!!! Pois meus amigos, tachos é coisa que não falta nessas cozinhas restaurantes a-fora!!!!!!
Lavem-nos bem, e depois PENSEM se estão SEQUER em condições de se candidatarem a um trabalho!!!, sim que nos dias de hoje, não há empregos!! Lamento!!!
Pode é haver trabalho naquilo que mais gostamos! E pois bem, se vocês gostam de tachos, o meu anúncio não era o indicado para vós!
Boa sorte e voltem sempre!, de preferência quando souberem fazer um curriculum vitae no formato Europass, bem explicito, organizado, motivante, concreto, E ETECETERA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O que é isso do: “Experiência no XPTO Instituto”, onde desempenhei funções de “1. Videovigilância; 2. Actividade de Educação Ambiental, e 3. Etc”????????
Ponto 3. Etc????????? Mas Etc o quê?!?!?
Se não especifica até pode ter desempenhado funções muito importantes, interessantes, mas eu cá, não adivinho!!!!!!!!!!! Convenhamos!!! Sou Licenciada em Biologia, não em Astrologia!!
AH, e já agora, nas Cartas de Motivação, não esqueçam de escrever português correcto, sem erros ortográficos, gramaticais e ETC!!!, ainda que queiram seguir o novo acordo ortográfico, não sei onde vão inventar “às” sozinhos com acento para frente: “á”...
“Á”.. NÃO EXISTE... LAMENTO..... NÃO ESTÁ NO DICIONÁRIO...
E deixo ainda uma citação, em jeito de intelectual, retirada do livro A sombra do que fomos, de Luís Sepúlveda, que diz: “por favor, não me escrevas com gramática de jovenzinho analfabesta. Quero é com q e não com k, e também escreve-se com todas as letras”.
Quanto ao corpo dos mails, ao passo que uns nem se dão ao trabalho de escrever uma palavra que seja, outros insultam-nos com funções que não são as nossas (como directora dos Recursos humanos! Essa foi a melhor! Euzinha... Directora dos Recursos Humanos! LOL) e depois ainda vêm pedir desculpa a dizer que foi um “inquivoco”!! (UM QUÊ????), e outros começam com um “Boas tardes”! OPÁ, não me venham com “Boas tardes” no plural, porque que eu saiba a tarde é só uma a cada dia, e é bem SINGULAR!!!!
Para finalizar, se querem mesmo ser sucedidos profissionalmente (chamem-lhe emprego, trabalho, tacho, o que quiserem), aconselho, com “c” de cão no início e “s” de sapato no fim, a LEREM os requisitos dos anúncios, os regulamentos dos concursos, a pesquisarem o que faz a entidade para a qual se estão a candidatar, a porem uma foto no CV, a não ser que estejam a fugir À polícia, ao fisco, ÀS (“Às também é com acento para trás!!!, lembrem-se!) finanças, À segurança social, e ao raio que vos parta!
E se DEPOIS DE LEREM o anúncio, diz lá para remeterem a documentação para Carla Veríssimo, essa pessoa não é Exmo (a) Senhor (a)!!! Só tem um Género: O Feminino! E um Nome: Carla Veríssimo!
É triste como numa semana descubro que muitos iletrados neste país... mas aos senhores políticos só tem interessado fazer número, dar equipamentos, tecnologias, e depois espreme-se o povinho e nem uma gota de sumo.... é triste... Mas viva o Plano Nacional de Leitura, viva o Magalhães, viva o Novo Acordo Ortográfico, e ETC!!!!!

17/10/10

- Onde mora?
- Ali, atrás dos livros.
Atrás dos livros... para lá das palavras, das letras, da passagem, dessa porta fechada, de páginas e páginas de estuque e argamassa. Da madeira das janelas.
Moro ali, onde os verbos tracejados se desprendem no jardim.

(Para António Feio)

Bem António, saíste de São Miguel (estiveste em Ponta Delgada – “porque tão depressa nos parece que estamos na Suíça, como na América Latina, como numa cidade colonial africana” ;) já te levei para a Graciosa, para a Terceira, mais depressa ainda voámos para o Faial, de barco atravessámos para o Pico (a maré não tava baixa o suficiente para fazer escala nos ilhéus!), novamente de barco para São Jorge, voltámos tudo pra trás, às mijinhas, ora pára no Pico, ora dorme, ora levanta, ora apanha outra vez o barco, e Faial novamente.
Ainda há pouco, fomos contar estorninhos por essa ilha fora. Claro que dessa bicheza, nem vê-la!! Mas o almoço até foi bom, em Pedro Miguel (ainda tou pra descobrir se o homem foi alguém importante nesta rotunda gigante, com mar à volta, para terem dado esse nome aqui ao sítio!! Já imaginaste uma Freguesia aí numa ilha paradisíaca, com o teu nome?! António Feio! Isso é que era! Um homem importante! E já estou mesmo a ver, o pessoal agarrado à placa, dentes arreganhados, tanto um, como o outro! ;), e a máquina a disparar fotos!), Bem, mas ia eu a dizer, o almoço até foi bom, quase uma lágrima a escapar-me com a tua Carta de Despedida, mas lá me aguentei antes que o senhor do café notasse! Claro que com os textos do Mini-Mini Diário, quis lá saber, e foi só rir!!!
Já te levei pra casa-de-banho, já respingou água pra cima de ti, enquanto penteava o cabelo, já te achei parecido com o rapaz da loja do aeroporto da Terceira, onde fui comprar o meu primeiro relógio da Fossil!, Agora é só esperar que o rapaz acerte o compasso e veja bem os meus ponteiros!!
Já escrevi tantos textos, muitos dos quais enveianenada pelo meu querido Lobo Antunes, e agora dou por mim, a escrever à Moda do Feio!, só porque com 31 anos, estou a conhecer um homem de 55, com quem me cruzei uma noite no Porto, e me lembro de pensar: Olha o António Feio. Epá, é mesmo alto! (pudera!, eu no meu metro e meio, toda a gente é alta!) E segui, e tu seguiste, e nada. Ai, se fosse hoje! Eu lá deixava escapar um homem interessante, inteligente, maduro, com um sentido de humor espectacular, e único, como tu?! Pedia-te logo que me fizesses um filho!! (Bem, teria era de conseguir “levar-te” na conversa, durante, pelo menos, um ano.... e nisto de paixões, também ando cá com uma colecção, que vai lá vai... e não tem ido a lado algum! Acho que a minha média vai pra i em 1,4... !).
E agora que te acabei de ler, parece que não sei bem o que fazer a seguir... ou não sabia até vir sentar-me nesta cama, contigo ao lado, a sorrir pra mim, claro, com esse olhar profundo, cristalino (De Pura Lino ;) (e agora a senhora do hotel bateu-me à porta, e tu caíste-me (e não caisteme!!) ao chão! Ó homem, tu anda cá, que na caminha é que estamos bem! ;)
Vá, agora deixem ouvir A Banda!
E até vou parar de escrever porque a Conversa sem ti, está a ficar uma Verdadeira Treta.
Um bom resto de continuação ;)

20/08/10

I

Um romance tem de se refogar. Picar a cebola, pôr azeite no tacho, acender o lume, ir mexendo, esperar que a cebola fique loirinha, depois juntar o resto dos ingredientes.
Pôr água. Tapar e deixar cozinhar em lume brando.
Servir quente.
Desfrutar...

29/05/10


Não serão precisos muitos fios,
não
        será
                   precisa
                                       a
                                               linha.
Serão poucos os pequenos transparentes, conjugados e ligados, os pedaços de madeira tão tintados, simplificados.
Seremos nós bonecos marionetados nos seus fios afinal nunca acabados.
Seremos grão de areia fina, a levitar pequena bailarina.
Seremos vento que empurra o pensamento.
Não serão precisas muitas linhas,

não
        será
                   preciso
                                       o
                                               fio.
Mas fiando noz em voz, baramlham-nos confusa
mente
que no pequeno transparente nus estão a co-mão-dar.

Escrito para a MIMA: http://www.samarionetas.com/ e http://marionetasportugal.blogspot.com/

Para JP Simões



 
                              Fotos in: http://www.myspace.com/jpsimoes

A minha canção contigo começou em Castro Verde, com um amigo sentado à mesa a ouvir JP Simões.
E esse JP Simões viajou comigo desde essa mesa, em 2008.
E tentei letras e cordas para ouvir uma só nota tua, nesses acordes sentidos.
E só agora nestas ilhas, tão no meio do tudo e do nada, isoladas, longe, tão perto, consigo finalmente...
A minha canção contigo.

Autógrafo para JP Simões, após concerto no Arco 8, 29 Maio, São Miguel, Açores

26/05/10

Disseram-me um dia deveríamos estar apaixonados pela leitura. Acredito na condução do homem através da leitura, é o momento egoísta positivo do homem. Creio que a alma projecta-se para a vida e para as relações através da leitura!
E eu disse
nunca tinha pensado nisso.... nesse egoísmo por uma vez positivo neste homem com um h muito pequeno que somos...
Cremos-nos h grande, mas para isso, de facto, seria preciso tanto mais.... tinta....
tantos mais livros...
tanta mais paixão, alma,...

tanto mais HOMEM.