Carla Veríssimo cria site para se dar a conhecer e ao seu trabalho.

Carla Veríssimo cria site para se dar a conhecer e ao seu trabalho| http://cavverissimo.wix.com/carlaverissimo

25/08/05

Carla, tenho uma notícia triste. O Tó faleceu.

Esta frase lateja na minha cabeça. Custa-me acreditar. Não aceito.
É verdade..., ouço ainda do outro lado.
...
E ouço também a voz dele a chamar o nome dela; relembro a sua cara, os olhos, os gestos, o andar...
Tinha uns olhos bonitos. Pareciam sorrir.
Lembro-me do cigarro entre os dedos, do espaço de trabalho, daquela noite com os amigos; e da voz, novamente da voz...
E do sorriso. (Nos olhos)
Aquela vida. Aquela energia, a felicidade, os projectos...

Pergunto-me onde está a aliança que ele usava no dedo? O que irá ela fazer às roupas dele, aos objectos... às bancas de trabalhos?
Relembro a conversa que tivemos enquanto ele retocava uma prótese. Usava uns instrumentos cortantes e tão minúsculos, e como agarrava o dente com os dedos, perguntei-lhe: Não te costumas cortar?
Respondeu-me ''às vezes''.
Entretanto fui ajudá-la no jantar e quando ele entrou na cozinha, disse-me ''olha, tavas a perguntar se nunca me cortava, e assim que saíste cortei-me!!''.
Ri-me.

Recordo o seu entusiasmo ao explicar-me as mudanças que iam fazer na sala de estar.
Revivo aquela manhã em que desci as escadas para me despedir dele...
Entrei para o carro dela e ele ficou no pátio a pedir ao cão que se calasse.


Estamos a tentar gerir a nossa vida, de forma a que o Tó se orgulhe de nós, diz-me ela, passadas duas semanas.
Fico novamente pensativa...
Penso nos filhos deles, no que poderão sentir; nela...
nos projectos que ficaram para trás; no futuro que poderiam construir...

Ainda não consigo acreditar que escrevo este texto para ele...
NÃO! Para o Tó, não!
Por outro lado, sinto-o vivo, quando o faço.
Que assim seja, então!
Que vivas em cada letra destas palavras. ETERNAMENTE.


(Mais tarde vim a saber, que as roupas continuam no armário, como se ele tivesse ido, simplesmente, viajar...
Que não viu como ficou bonita a sala de estar, no fim das mudanças...
Que decidiu dar o cão a alguém que o levasse a caçar...)

Nunca imaginei que aquele olhar do lado de fora da janela do carro, fosse o último que lhe via... que me tinha literalmente despedido dele... para sempre...
...
Sinto os dias como mensagens, mas a da morte é tão escura como a noite... por isso não a consigo ler...

Tudo se evaporou como o fumo de um cigarro...

01/08/05

Porto: una ciudad invisible (es la forma de definir a la ciudad ideal), Ferny

Chaves: uma cidade boazinha (uma espécie de adolescente envergonhada), José Cardoso

22/07/05

o que foi feito das fotos que tiraste comigo?

porquê, estás com saudades?! nostalgia?!

não gosto de perder pedaços da minha vida.
tu és um pedaço dela, todas as pessoas que conheço vão-me influenciando e tu foste uma delas. não é por não falar muito contigo que te esqueço. Há espaço para toda a gente boa que passa e passou na minha vida.
e lembro desse dia, em especial , porque gostei.


as pessoas vão-nos entrando na vida, mudando, marcando e portanto são parte de nós. é impossível esquecê-las. e também gosto de abrir a caixinha e ver que continuam lá, por mais que nem sempre possa falar com elas.

Co-produção: Nuno Pássaro & Carla Veríssimo

20/07/05

Prioridades:
carreira
orgulho
amor
família
dinheiro

personalidade: fiel
companheiro: amoroso (mas ainda não sei onde está...)
inimigos: esquivos
sexo: forte
selvagem - a minha própria vida

11/07/05

Veríssima

Todo o prazer. Metade do gás.

01/05/05

A quantas ando?
Na memória de uma imagem, à espera da Lua.
E tu não estás aqui.
Dizem que há vida lá no Além. Já não creio em nada.
Dia da tentação, peixinhos e bolas de sabão.
Não digas que não te avisei.
Estrela com nome de gente, o que é que tu tens?
Sorrio apenas.
Agora sou eu (finalmente minha).
E já estás no meu mapa.

Adaptado de Filipa Pais e José Peixoto

30/04/05

(...) Se temos de morrer, que sentido tem a vida?
Cada Homem que nasce deve redescobrir o sentido desta pergunta. E descobri-lo não significa tornarmo-nos donos de qualquer coisa, mas libertarmo-nos...
(...) Existir é uma loucura. Eu sou uma loucura. (...) Tentei convencer quem estava junto de mim de que o vazio estava cheio (...)
Foi nesse momento que iniciei de facto o meu caminho. O momento em que fiquei totalmente nu, totalmente inerme, totalmente sem voz.
Agora todos os dias me levanto e vou à janela e sei que esse dia poderá ser o último. Em mim, já não há medo ou sensação de vazio, o que há é a agitação um tanto adolescente de quem espera pelo primeiro encontro com o namorado.
(...) Ouço respirar aqueles que nascem e aqueles que partem, como um grande concerto entoado pelo vento. (...) Entre o céu e a terra há uma permuta contínua. (...)
... a abelha precisa da flor. Mas a flor, para existir, também precisa da abelha. Estamos todos ligados num abraço invisível. (...)

O bosque em chamas, Susanna Tamaro

15/04/05

Pontes vs Sonhos

Perfeição vs ImPeRfeIçãO
Homogéneo vs Heterogéneo
Branco vs Negro
Dar vs Receber
GRANDE vs pequeno
Subtileza vs Objectividade
Cara vs Coroa
Altura vs Largura
Suavidade vs Rugosidade
Visível vs
Direito vs Torto
Baço vs Brilho
Redondo vs Afilado
Real vs Magia
Verso vs Inverso

23/02/05

Obstáculos - Jorge Bucay

Voy andando por un sendero.
Dejo que mis pies me lleven.
Mis ojos se posan en los árboles, en los pájaros, en las piedras. En el horizonte se recorte la silueta de una ciudad. Agudizo la mirada para distinguirla bien. Siento que la ciudad me atrae.
Sin saber cómo, me doy cuenta de que en esta ciudad puedo encontrar todo lo que deseo. Todas mis metas, mis objetivos y mis logros. Mis ambiciones y mis sueños están en esta ciudad. Lo que quiero conseguir, lo que necesito, lo que más me gustaría ser, aquello a lo cual aspiro, o que intento, por lo que trabajo, lo que siempre ambicioné, aquello que sería el mayor de mis éxitos.
Me imagino que todo eso está en esa ciudad. Sin dudar, empiezo a caminar hacia ella. A poco de andar, el sendero se hace cuesta arriba. Me canso un poco, pero no me importa.
Sigo. Diviso una sombra negra, más adelante, en el camino. Al acercarme, veo que una enorme zanja me impide mi paso. Temo... dudo.
Me enoja que mi meta no pueda conseguirse fácilmente. De todas maneras decido saltar la zanja. Retrocedo, tomo impulso y salto... Consigo pasarla. Me repongo y sigo caminando.
Unos metros más adelante, aparece otra zanja. Vuelvo a tomar carrera y también la salto. Corro hacia la ciudad: el camino parece despejado. Me sorprende un abismo que detiene mi camino. Me detengo. Imposible saltarlo
Veo que a un costado hay maderas, clavos y herramientas. Me doy cuenta de que está allí para construir un puente. Nunca he sido hábil con mis manos... Pienso en renunciar. Miro la meta que deseo... y resisto.
Empiezo a construir el puente. Pasan horas, o días, o meses. El puente está hecho. Emocionado, lo cruzo. Y al llegar al otro lado... descubro el muro. Un gigantesco muro frío y húmedo rodea la ciudad de mis sueños...
Me siento abatido... Busco la manera de esquivarlo. No hay caso. Debo escalarlo. La ciudad está tan cerca... No dejaré que el muro impida mi paso.
Me propongo trepar. Descanso unos minutos y tomo aire... De pronto veo, a un costado del camino un niño que me mira como si me conociera. Me sonríe con complicidad.
Me recuerda a mí mismo... cuando era niño.
Quizás por eso, me animo a expresar en voz alta mi queja: -¿Por qué tantos obstáculos entre mi objetivo y yo?
El niño se encoge de hombros y me contesta: -¿Por qué me lo preguntas a mí?

Los obstáculos no estaban antes de que tú llegaras... Los obstáculos los trajiste tú.

31/01/05

o melhor da vida

um abraço.
volto a dizer.
porque o abraço não cobra nada... dá-se por instinto, vontade própria... sei lá... (Marisa Marques)

06/12/04

A cilada destina-se, por direito, aos iniciados. Transposto o primeiro bosque, a formação das sombras desenha o rigor imposto pelo medo.

A cilada destina-se, por definição aos incautos, transposto o primeiro bosque, a formação das sombras determina o terror disfarçado com o pasmo.

Julião Sarmento - Estratégias de Sobrevivência

22/11/04

Tributo a Irma e Adolfo

Las aves emigran a otros lugares para después volver al punto de partida. Durante ese trayecto de ida y vuelta estoy segura que ellas van recogiendo recuerdos, objectos, renovaciones...
Y siempre será así, cada lugar tiene su olor, su recuerdo, su gente...
Por eso las despedidas deben ser hasta luegos, son lapsos de tiempo que en ocasiones frutifican los corazones, los aune más fuertemente.
Ahora nos guardaremos en una cajita el recuerdo de estos días, de estos meses y sobretodo cada vez que la volvamos a abrir nos sentisemos felices por poder guardarlos ahí dentro, por conocer a esta gente, a este país y este lugar...
Yo también te llevaré en mi recuerdo mi ''pequenhina'' loira, y en mi corazón. Y seré feliz cuando te vea siempre sonreir.
Irma, Junio 2001


Foram estas as tuas palavras; e hoje, passados três anos, tu e o Adolfo surpreendem-me com uma caixa cheia de recordações, objectos, cheiros, gentes, dias, meses, lugares... Musica del otro lado del Muro...
Podes ser feliz, porque hoje vês-me sorrir;
porque hoje, quando não esperava nada, recebi (literalmente) Nada, esse livro de Carmen Laforet;
porque sempre adorei surpresas, e hoje tive uma;
porque a caixa me fez realmente recordar aqueles momentos convosco...
porque também já vos tinha presenteado com uma caixa...
porque nunca esquecerei NADA
e porque um dia escrevi: La vida está llena de círculos, de casualidades, y ahí se encuentra la felicidad. ?Sientes la batida de tú corazón? Contesta sus pedidos, camina con el.
!Valiente! Salta por la ventana, vola entre las nubes. Siempre hay un sol que luce en el horizonte.
Encuentra tu bosque, y en el erige tú casa.

é assim que me sinto. Obrigado!
Amo-vos!

17/11/04

gosto de ti.
mas isso não prova nada. quero provas!!
que tipo de provas?
palpáveis... e boas!
o que são para ti provas palpáveis?
hum... tu sabes! afinal, foste tu que, há pouco, disse saber muito bem o que penso...
mas isso são meros pensamentos, e entendo que as provas sejam sentimentos, por isso pergunto: o que são para ti provas/sentimentos palpáveis?
os sentimentos não são palpáveis...
os sentimentos sentem-se!
mas quando se sentem com força, isso nota-se, ou seja, de certo modo tornam-se palpáveis.
Palpáveis em gestos, atitudes, olhares, toques, diálogos... e os tão curriqueiros beijos e abraços, que acabam por perder força no meio destas provas/sentimentos palpáveis!

Co-produção: Carlita e Carlitos

24/10/04

Lembras-te de quando brincávamos nos muros da escola? De quando cheirava a terra molhada? Hoje está um dia desses, um dia paz. Escuto os passaritos chilrear, relembro os nossos risinhos inocentes. A vida já era tão complexa naquela altura, mas foram precisos alguns anos para nos apercebermos disso. Como será daqui a alguns anos? Espero continuar a ver abelhas nas flores e lagartixas nos muros da escola. A ter terra, a ouvir passaritos e risinhos inocentes, e finalmente a percebermos disso...

lembro, também eu consigo agora ver de perto a complexidade do sopro da vida! E, enquanto crianças o nosso sorriso nunca passou de ignorância, pois agora, só agora abri os olhos......

a infância de Carla Veríssimo e Raquel Sousa... há 25 anos...

22/10/04

Crónica na Rodoviária

Sexta-feira. 22. Outubro. 2004
Enquanto esperava para comprar o bilhete para o Expresso das 16.30 para Leiria, vem um casal de velhinhos pedir uma esmola.
Ela cega. Os dois de braço dado.
Ela: - Dê uma esmola, por amor de Deus.
Farta desta sociedade que leva uma vida fácil, à custa de esmolas, deste sistema que não muda, respondo-lhe: - Não acredito em Deus.
Ela desata a gritar: - O que é que a menina tá a dizer? Não acredita em Deus? Ó menina!! Deus existe sim senhor!! DEUS EXISTE!!
Eu: - Se Deus existisse, a senhora não precisava de andar aí a pedir esmola!!
Ela: - A MENINA NEM DIGA UMA COISA DESSAS!! DEUS EXISTE SIM SENHORA!! A MENINA DEVIA IR PÓ INFERNO!!
... ...
Eu... já nem lhe respondi, que não ia para o Inferno, mas sim para Leiria...
Eu... já nem lhe perguntei se ela já viu Deus, para ter tanta certeza que ELE EXISTE...

21/10/04

um ano de ;

., ponto e vírgula . e , ;


lembro-me de ouvir rumores... de fazer o meu ninho... de escrever, escrever, escrever...
lembro-me de me prender à janela dos comboios; simples!
do teu sorriso estúpido :)
de ouvir a tua voz... de quando não me ouvias...
de escrever a dois... de desligar
lembro-me do melhor da vida Noutras folhas...
lembro-me de vós, de ti, de ter saudades, lembro-me da minha infância...
dos lápis... de carvão, de cera... do prazer...
de criar o meu mundo sozinha... de ser este o meu refúgio.
lembro a subtileza que ficou por escrever, o vício dos dedos, as vivências paralelas, os amigos...
a mana... a mãe... aquele bailado a preto e branco, Andreia... aquele Joãozinho das Flores, mamã...
ponto. por agora