Anseio encontrar-te em
cada endémica ou nativa.
Vou lançando o meu canto
ao vento para que brote dessa semente plântula;
para que cresça azevinho,
uva-da-serra, ginja-do-mato ou faia-da-terra.
Vem a chuva e eu resisto.
Saboreio; sinto cada gota
na minha face como se fosse a primeira.
Deambulo em cada trilho,
cada tempo ou condição.
Há tanto para descobrir.
Ramo acima, ramo abaixo,
voo, escondo-me, saltito, procuro.
Procuro.
Não só alimento para a
boca se não também para a alma.
Faço o meu ninho para ti,
com musgo, queiró, cedro, urze e sargasso.
Sou esse Priolo, pássaro
pequeno, perseguido outrora e protegido hoje, pelas leis de homens, mulheres,
crianças, jovens, adultos ou idosos; pelas leis daqueles que vêem em mim
beleza.
E ainda que o meu canto
ecoe apenas nesta Floresta, este meu assobio chega a todos os cantos do mundo.
E neste canto, hoje, sei
de uns seres maravilhosos que se juntaram por mim, para mim. Mas na minha
Festa, ainda faltas tu.
Vagueio. Deambulo.
É difícil encontrar-te, tu
olhos negros, bico grosso, cabeça preta e corpo roliço.
Continuarei a ser Priolo,
pássaro pequeno, persistindo, resistindo, assobiando, vagueando e voando sempre
mais.
E eis se não quando se
ouve: piu, piu…
(Escrito para a Priolo Fest, organizada pela SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) e Galeria/Bar Arco 8, que decorreu a 16 de Fevereiro de 2013, de forma a dar a conhecer a Campanha Internacional de Crowdfunding "Let's Preserve the Azores Bullfinch" (http://www.indiegogo.com/PreserveAzoresBullfinch/) lançada pela SPEA com o objectivo de angariar fundos que permitam dar continuidade ao trabalho de preservação do Priolo e da Floresta Laurissilva, desenvolvido pela SPEA desde 2003, na ilha de São Miguel)