Carla Veríssimo cria site para se dar a conhecer e ao seu trabalho.

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09/10/07

O texto maior do Mundo para o amor mais curto da Terra.

apago o cigarro, mas tu chegas, naquele momento exacto em que eu estava pronta a despejar o cinzeiro, e pegas no cigarro e acende-lo.
e vejo a chama no isqueiro, a ponta vermelha do cigarro. tu a inalares-me novamente... tu a deitar fora o restante fumo.
eu entre os teus dedos, eu entre os teus lábios. eu confusamente um cigarro quase despejado.
eu já sem fogo.... eu de volta ao cinzeiro.
eu que recuo e avanço. eu que me permito arder por algum tempo. eu que me permito arder por algum tempo. eu que me permito arder por algum tempo. eu que me esforço por tapar a entrada de oxigénio e apagar toda a brasa que me acendeste.
eu que já estava quase boa, quando tu chegas novamente e me pegas outra vez.
e agora veio-me à ideia de me poderes ''raptar'' do meu maço de colegas, e me levares contigo por umas horas, onde possamos estar a sós, onde possamos desfrutar, tu da minha 'pimenta', eu do teu 'sal'.
eu a desejar que deixes de promessas, promessas, e tomes uma atitude.
eu a saber que não podes (talvez não possas), mas que desejas (talvez desejes)....
e hoje o meu desejo está aceso, mas amanhã vou ter que....
apago o cigarro...

e se o nó da pulseira preta que trago no braço não fosse tão apertado como o nó que tenho na garganta, tinha que ir já atirá-la ao mar, para o desejo se realizar.

eu que até da tua ex-namorada tenho ciúmes. E já foi há uns anos que tu… lhe percorrias o corpo com as mãos, que tu… excitadíssimo… que tu… suado de prazer… que o teu corpo nu junto ao dela. Que ela… te conquistou. Porque eras livre.

Eu que te quero conquistar. Livre.

Eu que quero o teu corpo nu no meu. Eu as tuas mãos excitadas, eu prazer suado entre os teus gemidos quentes.

eu livre. livre disto tudo e a tua amizade. só.
eu livre da carga sexual destas minhas palavras. eu a tentar explicar que nelas há também, há ainda, há acima de tudo, tudo aquilo que está em redor do ''simples'' acto de juntar 2 corpos. e o que está em redor é a cumplicidade, o carinho, o respeito, o diálogo, a amizade, os sorrisos, a partilha, as aventuras, a descoberta, as gargalhadas, a ajuda, o friozinho na barriga, o riso, a entrega, a dedicação, a luta,...
tudo aquilo que faz com que acima de 2 corpos juntos, haja 2 pessoas juntas.
e juntas não tem que ter etiquetas, (...)
Quer dizer, até ao dia em que os corpos já não resistem mais.
às vezes nem acredito que estou a escrever tudo isto para uma pessoa que já tem uma ''etiqueta'',....
e obrigo-me a testar os meus impulsos, os meus desejos, para tentar perceber até que ponto são estatisticamente válidos e significativos.
até que ponto posso fazer isto.
....

mas tu estás tão longe de tudo ISTO, tão a leste dos meus sentimentos,...

(...) não faz sentido nenhum eu querer beijar-te, pois não?
não faz sentido querer fazer amor contigo, pois não?
ser tua namorada, pois não?
Não faz sentido querer tudo isto e ao mesmo tempo NÃO QUERER, pois não?
QUERER CUSPIR.
DEITAR-TE FORA.
como se faz a uma boa chiclete.

não faz sentido querer-te uma noite, várias noites. Uma cama. Várias camas. Só dois corpos. Os nossos. POIS NÃO?

... E por isso faz sentido (não faz?) manter-te informado de tudo isto. Se calhar por cobardia, se calhar por ser tudo tão pesado, e eu tão pequenina e fraca... se calhar porque não aguento tudo cá dentro sozinha....

Conheci-te. Temos este amor proibido.

Não. Não temos, porque não é amor.

Temos muita cumplicidade. Trocamos sorrisos, abraços. Olhares. Falamos dos outros. Falamos de nós.

Tocamo-nos subtilmente. Sinto-lhe os dedos frios.

Saímos juntos. Rimos juntos. Acabo por dormir em casa dele.

Saímos juntos. Dormimos juntos. Cedemos…

Quero beijar-te.

Quero fazer amor contigo.

Quero ser a tua namorada.

E ao mesmo tempo gostava de NÃO QUERER tudo isto.

Mas se tu quisesses… Se tu quisesses…

Se tivesses os mesmos desejos, os mesmos impulsos…

E porque comecei a sentir-me assim, tão de repente… outra vez… mas sempre tão de repente… talvez o possa evitar, agora que ainda está no início… mas não sei se consigo. Não sei se quero…

Mas quero-te. Comigo. Uma noite. Várias noites. Uma cama. Várias camas. Só dois corpos. Os nossos.

Don’t mess with me! e eu para mim própria: Porquê? Tens medo de gostar? De querer? Tens desejos?

Queres?

Podemos tentar… se tu…

Não é possível duas pessoas apaixonarem-se uma pela outra automaticamente? Independentemente se têm uma relação com alguém? Como controlam todos estes sentimentos, estes desejos, estes impulsos?

Apaixonei-me pelo homem que não devia.

Não.

Não me apaixonei.

Não estou apaixonada.

O certo é que não paro de pensar nele. Noite e dia. É ele que me move.

Imagino-o a conversar com um colega de trabalho, todo preocupado comigo:

- Vou embora.

- Olha que a Carla queria boleia.

- Não está ali.

- Hum…

Imaginei tudo isto, e depois ele chega à minha sala e diz: Então, deixaste o Afonso ir embora?

Help is coming as long as you believe.

Imagino-o uma noite comigo. Várias noites.

E depois ele chega à minha cama. À minha vida.

Gostava eu!...

E não faço ideia do que pensaria ele, de como reagiria ao saber tudo isto.

E não faço ideia do que sente por mim. Como sente.

Se reprime.

Se não sente.

Se evita.

Se não consegue evitar. Mas também não dá um passo em frente. É tímido diz ele. Mas também não posso ser eu a fazê-lo.

Esta é uma vez em que não posso ser eu a fazê-lo.

Eu sempre disse que queria uma vez em que não fosse eu a dar o primeiro passo.

Aqui tenho.

E não tenho.

E espero.

E não sei.

E quero.

E temo.

E tenho dúvidas.

E recuo.

E avanço.

E pico. E provoco. E rio. E há algo. E há cumplicidade. E quero beijá-lo. E reparo nos contornos dos teus lábios. E na risca dos teus olhos.

Não é risca, mas parece que tens os olhos pintados.

E não tens.

Mas é bonito.

E reparo no nariz. E no cabelo. E no corpo. Nos ténis.

Eu que não sou de reparar nos sapatos.

E reparo nos braços. E penso… num abraço… numa carícia apertada.

Nós os dois. Nus. …

tu um dia a não resistires. Eu a sair do teu carro, tu a segurares-me o braço no segundo antes de eu pôr a perna esquerda de fora. Tu a dizeres qualquer coisa atrapalhada, a puxares-me contra ti e a beijares-me. A beijares-me e a não resistir.

Eu sempre invadida por pensamentos: gosto. Desejo. Quero tê-lo. E depois tenho mesmo, e gosto mesmo e desejo, e sinto-me bem.

E isto já aconteceu outras vezes. Primeiro o pensamento, o desejo, depois a realidade. O ter.

E assim, quero que todo este processo também aconteça contigo.

E quando se quer muito, consegue-se.

E quando se acredita.

Acredita com muita força. Acontece.

E ainda estou a mastigar a tua frase de hoje à tarde: Don’t mess with me!

E eu a sentir que tu queres dizer exactamente o contrário. E eu a sentir o que tu sentes. A puxares-me para ti, como eu te puxo para mim.

Eu a sentir-nos enrolados.

Não me desarrumes, não me confundas, não me baralhes, … que eu não posso,… mas quero.

Tu a picares-me com outros, porque não me podes picar contigo próprio. Mas é isso que queres.

A retórica provocante de um amigo comum:

- Ah, you want to taste him!

E eu a responder:

- no, I don’t.

mas a querer dizer Yes. So much. Too much…

e pensar que esta não é a primeira vez que sinto algo por ti.

Que já no ano passado, me sabia sempre bem, quando estavas presente.

E quando me der a loucura paro de escrever este texto por uma noite e volto na manhã seguinte, ainda com mais raiva, ainda com mais vontade de escrever, escrever, e não parar, não parar, NUNCA, até dizer tudo, até me cansar, a ver se os meus desejos desaparecem,… e sei que não vão desaparecer, sei que não vou conseguir evitá-los, nem que escreva este texto tanto, tanto, que ficasse tão grande e só parasse em Marte. Nem que escreva todos os livros do mundo. Porque hoje acordei com mais pujança do que ontem, e amanhã vou querer acrescentar mais umas frases, e depois de amanhã mais esta coisa quando começo a fechar as mãos e a fazer força, nervosa, e pra semana mais uns sentimentos, uns desejos, e depois também, e depois e depois, e também, e também,…

Nem que já não faça sentido.

And it’s supposed to be love

Qual é afinal o sentido do amor?

Empanquei.

Empanquei.

Acho que agora não consigo escrever mais nada.

Vou parar.

Mas por 2 minutos.

Não fujas.

Não fujas, que se conseguir não parar nunca de escrever este texto, 1º: acho que posso aprender algo enquanto escritora, acho que posso melhorar, maturar, evoluir… 2º: posso vir a entrar no Guiness com o maior texto do mundo.

Não me lembro de ouvir falar disso. Ainda por cima com um texto que fala de amor. Amor, essa coisa sem sentido, mas que faz mover as pessoas. Que as faz escrever textos como este. Um bocadinho mais pequenos, talvez.

Mas faz.

Mas não quero entrar por essa via lamechas, se não que o amor é, em geral, um sentimento por tudo e por todos, que nos faz seguir em frente, que nos faz acontecer, que torna um mundo bom, e todos esses lugares-comuns que pudesse acrescentar aqui, só pra pôr mais umas palavras sem sentido, fazendo com que este texto ganhe mesmo um Guiness.

Porque me tenho que sentir uma criminosa só porque mexes comigo?

Só porque sinto que gosto de ti?

Gosto de ti! É bom!

Mas pronto. Voltei à estaca zero e o maior texto do mundo vai perder todo o sentido e acabar mais cedo, na Lua, porque com a namorada, tu tens todos os extras que vêm com essa ‘etiqueta’: a irmã, o pai, a mãe, o carro, a cidade, a ilha, ….

E aqui fica então:

O texto maior do Mundo para o amor mais curto da Terra.

P.S.: Foste meu namorado. Por 10 dias. Tu é que não soubeste.

Repartindo esperanças e mágoas, por tudo o que é vento.

(…)

Que há-de ser da mais longa carta…

(…)

Já fizemos tanto e tão pouco, Que há-de ser de nós?

Comboio para Lisboa.

Penso em ti. Mas estou serena. Nada melhor que um dia de sol e uma viagem de comboio para me acalmar. Para inspirar e sentir esta serenidade. Esta beleza.

Ontem entre o rápido pensamento ‘’gosto de ti. Não é bom? Afinal qual é o drama? Porque são tão estúpidas as pessoas, quando não sabem reagir a isso?

Veio-me ao pensamento:

Apetece-me cuspir e mandar-te fora da minha vida. Sinto repudia. Apetece-me espezinhar-te, apagar-te.

Perdes o medo de estar só. No meio da multidão.

E agora que já sabes de todo este meu sentimento por ti, agora que já não vai ser igual, a nossa amizade (este meu medo sempre…), agora que sinto que não vou conseguir conviver contigo nem com isto dentro de mim. E vou andar sempre nervosa, e sem comer, e sem saber como agir, o que dizer,…

E no minuto seguinte sinto: NÃO. Levanto a cabeça. Estou serena. E sorrio. Sorrio sempre. Como só eu sei sorrir. À minha maneira. Deste jeito que tu sabes. E sigo em frente. E não choro. Nem por uma lágrima.

quero andar de bicicleta. Contigo. Caminhar na montanha. Contigo.

Assobiando as melodias mais bonitas

(…)

O meu desejo fez as malas e fugiu.

Tantas e tanta músicas que adorava ouvir contigo.

Adorava um abraço.

Outra vez.

E outra, e outra,…

Tão inocente, tão espontâneo, tão teu,…

E enquanto me lambuzo até à última gota de iogurte, atento aos movimentos da minha língua e penso há quanto tempo o último beijo…

E penso na tua língua na minha… no friozinho na barriga…

Nada mais de ti agora. Só este beijo imaginado.

Só as tuas mãos na minha cara. Só esta carícia imaginada.

Portanto, quando na outra noite me perguntavas na brincadeira Mas pensas que sou teu namorado?, tenho a dizer-te:

PENSO! Penso. Com todas as letras. Imagino.

ÉS! Tu é que não sabes.

É como os miúdos pequenos quando lhe perguntamos

- Tens namorado?

E eles:

- Tenho.

E nós:

- E ele sabe?

-Não…

Ou:

- Quem é o teu namorado, Carla?

- É o Pedro…

E ela corada, envergonhadíssima, a correr, a fechar as mãos nervosas na saia da mãe,…

- E tu, és a namorada dele?, nós ainda a chatear.

… e um encolher de ombros, uns olhos a fecharem-se, e ela a fugir.

E o facto é que vieste, num abraço. Ali. No meio de toda a gente. Como no fundo eu não tinha imaginado. Envolveste-me com os teus braços. Nesse jeito inocente. Espontâneo. Tão teu…

E soube tão bem…

ADORAVA, que viesses de repente, num beijo no meu pescoço. Nessa mesma velocidade com que sais para fumar um cigarro. Que viesses por trás e num ápice: um beijo. No pescoço. O meu. Na cara. A minha. Um simples beijo. Um gesto de carinho. De amizade. Podia ser esta a justificação, a desculpa. Não podia?

Já viram o que era ele desafiar-me numa de tête à tête?

- Mas que é que tu queres?, todo costas direitas, peito esticado para a frente, armado como um galo, bem junto a mim, a olhar-me com aquela importância toda de uma crista altaneira, e depois cair na própria jogada e desarmar, e perder toda a postura, e descompor-se, todo enlaçado em mim, todo desarrumado, todo confuso, todo baralhado, e um beijo.

Um beijo. Num ápice.

Um beijo, sem querer.

Um beijo querido.

Um beijo evitado.

Um beijo.

Só um.

Um grande.

E depois… Opá… isto não devia ter acontecido…merda… Ele irritado, ele a andar de um lado para o outro, ele atrapalhado nos gestos, ele mãos a coçar o cabelo, ele confuso,…

….

Mas o facto é que vieste. De repente. Não num beijo no meu pescoço, mas numa espreitadela rápida, por trás de mim, a picares-me.

E eu, desato numa risota interior, a pensar que se continuar a escrever todos estes meus desejos, pouco a pouco (é só preciso ter paciência… essa minha qualidade fraca…), eles vão mesmo virar realidade, e mais noite, menos dia, estamos os dois rebolados numa cama, no meu prazer suado entre os teus gemidos quentes.

AI!

Quero ir aí, junto da tua cadeira, abraçar-te por trás. Dar-te um beijo. Na bochecha.

Ou que venhas tu. Me abraces. Me dês um beijo. Sabes, como se faz aos bebés? É isso. Apertar-te. Apertar-te muito.

Fui estender-me na praia, sozinho ao relento

(…)

Acordei com o toque suave de um beijo

(…)

E escrevemos no espaço um novo alfabeto

Cuspir-te, porque afinal não passas de um chupa. E quando se acaba, os meninos pequenos deitam fora o pau.

Ass.: O maior texto do mundo… e ainda não está acabado.