Carla Veríssimo cria site para se dar a conhecer e ao seu trabalho.

Carla Veríssimo cria site para se dar a conhecer e ao seu trabalho| http://cavverissimo.wix.com/carlaverissimo

24/10/04

Lembras-te de quando brincávamos nos muros da escola? De quando cheirava a terra molhada? Hoje está um dia desses, um dia paz. Escuto os passaritos chilrear, relembro os nossos risinhos inocentes. A vida já era tão complexa naquela altura, mas foram precisos alguns anos para nos apercebermos disso. Como será daqui a alguns anos? Espero continuar a ver abelhas nas flores e lagartixas nos muros da escola. A ter terra, a ouvir passaritos e risinhos inocentes, e finalmente a percebermos disso...

lembro, também eu consigo agora ver de perto a complexidade do sopro da vida! E, enquanto crianças o nosso sorriso nunca passou de ignorância, pois agora, só agora abri os olhos......

a infância de Carla Veríssimo e Raquel Sousa... há 25 anos...

22/10/04

Crónica na Rodoviária

Sexta-feira. 22. Outubro. 2004
Enquanto esperava para comprar o bilhete para o Expresso das 16.30 para Leiria, vem um casal de velhinhos pedir uma esmola.
Ela cega. Os dois de braço dado.
Ela: - Dê uma esmola, por amor de Deus.
Farta desta sociedade que leva uma vida fácil, à custa de esmolas, deste sistema que não muda, respondo-lhe: - Não acredito em Deus.
Ela desata a gritar: - O que é que a menina tá a dizer? Não acredita em Deus? Ó menina!! Deus existe sim senhor!! DEUS EXISTE!!
Eu: - Se Deus existisse, a senhora não precisava de andar aí a pedir esmola!!
Ela: - A MENINA NEM DIGA UMA COISA DESSAS!! DEUS EXISTE SIM SENHORA!! A MENINA DEVIA IR PÓ INFERNO!!
... ...
Eu... já nem lhe respondi, que não ia para o Inferno, mas sim para Leiria...
Eu... já nem lhe perguntei se ela já viu Deus, para ter tanta certeza que ELE EXISTE...

21/10/04

um ano de ;

., ponto e vírgula . e , ;


lembro-me de ouvir rumores... de fazer o meu ninho... de escrever, escrever, escrever...
lembro-me de me prender à janela dos comboios; simples!
do teu sorriso estúpido :)
de ouvir a tua voz... de quando não me ouvias...
de escrever a dois... de desligar
lembro-me do melhor da vida Noutras folhas...
lembro-me de vós, de ti, de ter saudades, lembro-me da minha infância...
dos lápis... de carvão, de cera... do prazer...
de criar o meu mundo sozinha... de ser este o meu refúgio.
lembro a subtileza que ficou por escrever, o vício dos dedos, as vivências paralelas, os amigos...
a mana... a mãe... aquele bailado a preto e branco, Andreia... aquele Joãozinho das Flores, mamã...
ponto. por agora

18/10/04

Disseste ainda bem que voltaste...

12/10/04

um bule de chá. um lápis de carvão e uma pequena folha de papel.
BREVEs mesaS.
cruzas as pernas em cima desses breveS.
usas umas sapatilhas pretas de tiras vermelhas...

10/10/04

fizeram-me um dia um pedido de desculpas... mas o melhor era terem-me feito literalmente... e no fazer englobo tanto a ejecção, como a injecção da matéria do mundo; da cumplicidade; dos sonhos; da liberdade; ... em suma: daquilo que somos feitos. Sem desculpas, sem pedidos, apenas com o melhor de nós a querer vingar...

09/10/04

elas fodem... e depois fodem-se!!

eles vêm-se... e depois vão-se!!

Ass.: Cem.sem

01/10/04

a cabeça da Terra; o verde prateado e a marca de cada habitante;

os parafusos que faltam nesta desconexão total;

O QUE SÃO AS PESSOAS?

deixo algumas marcas no teu livro...
talvez em troca das que me deixaste na alma...

rasgo ideias velhas; escritos soltos nas páginas ainda guardadas...

jogo-os no lixo.

sinto cada espaço que gosto como se fosse a minha própria casa.

Pinta-me uma tela!

com os dedos que agilmente serpenteiam as cordas de uma guitarra.


as pessoas são sorrisos que desaparecem um dia.
são eternas, entre as que continuam aqui.

uma fogueira que afinal nem sempre aquece

vidas q u e b r a d a s
vidros e s t i l h a ç a d o s
no meio destas paredes sujas
vivas no meio dos mortos.

regresso religiosamente à minha manta de retalhos. a este meu mundo sem nome